Moçambique e Tanzânia voltaram ontem a estreitar os seus laços históricos e diplomáticos com a apresentação, na Presidência da República, das cartas credenciais do novo Alto-comissário tanzaniano em Maputo, Hamad Khamis Hamad. A cerimónia foi presidida por Daniel Francisco Chapo.
A ministra moçambicana dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Maria dos Santos Lucas, destacou a relevância do acto e afirmou que a ocasião permitiu aos dois representantes abordarem temas centrais da agenda bilateral. “Foi um momento importante. A Sua Excelência o Presidente e o Alto-comissário trocaram impressões sobre a cooperação Moçambique–Tanzânia”, declarou a ministra, reforçando que a relação assenta em pilares históricos, forjados nos tempos da luta de libertação nacional.
Lucas recordou que a Tanzânia foi “o verso do início da nossa luta de libertação nacional”, numa alusão simbólica que traduz o peso político e emocional dessa relação, marcada pelo apoio dado pelo país vizinho à Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) durante a guerra contra o colonialismo português.
Para além da história comum, a cooperação entre os dois países estende-se a áreas estratégicas, como a segurança com destaque para a contribuição das forças tanzanianas no combate ao terrorismo em Cabo Delgado , a exploração mineira, o intercâmbio cultural e, sobretudo, os esforços para dinamizar a cooperação económica.
Neste domínio, a ministra reconheceu que o comércio bilateral ainda está aquém do potencial. “Teremos que trabalhar”, admitiu, apontando o exemplo tanzaniano na aposta em culturas de alto valor no mercado internacional, como a soja, o caju e o café. Produtos esses que, segundo afirmou, podem servir de referência para uma diversificação urgente da agricultura moçambicana, ainda excessivamente dependente de culturas tradicionais como o chá.
“Aprendemos um pouco mais da Tanzânia que afinal apostar no café vale a pena”, disse Lucas, sublinhando que a produção de castanha de caju também precisa de ser revitalizada. A governante acrescentou que estão previstos, para os próximos dias, encontros entre ministros da área económica dos dois países, com vista à partilha de experiências e reforço da cooperação técnica.
Outro ponto em análise é a criação de uma nova fronteira para facilitar o comércio transfronteiriço, o que poderá impulsionar o volume de trocas comerciais e aproximar ainda mais os dois povos.
A cerimónia de entrega de credenciais do novo Alto-comissário marca, assim, o relançamento de uma agenda de cooperação que se pretende mais robusta, pragmática e mutuamente vantajosa. Para Moçambique, trata-se também de olhar para o vizinho do Norte não apenas como um aliado histórico, mas como um exemplo de resiliência económica e planeamento estratégico em sectores-chave.
Discover more from Jornal Txopela
Subscribe to get the latest posts sent to your email.