Daniel Chapo, Presidente da República, apresentou esta segunda-feira, em Maputo, o balanço dos primeiros 100 dias do seu mandato, reivindicando uma taxa de execução de 96% das metas inicialmente traçadas e garantindo que a governação manterá o rumo da “transparência e responsabilidade” perante os moçambicanos.
Chapo recordou o compromisso assumido na sua investidura, a 15 de Janeiro: “renovar Moçambique” com base nos pilares da liberdade, justiça e prosperidade. “Governo para todos, até para quem não votou em nós”, garantiu, num momento em que o país continua a exibir fracturas profundas no seu tecido político e social.
O Chefe de Estado advogou que o Plano de Acções de Impacto dos Primeiros 100 Dias foi estruturado para demonstrar a capacidade do Executivo em produzir “mudanças reais”. Segundo Chapo, além do elevado grau de cumprimento dos indicadores, 25% das metas foram superadas em mais de 100%. O Presidente fez questão de elencar conquistas como a realização de 1.177 cirurgias em hospitais públicos — quase o dobro da meta prevista —, a distribuição de 12 milhões de livros escolares e a electrificação de postos administrativos na Zambézia e Nampula.
No capítulo económico, o governo mobilizou financiamentos externos consideráveis, incluindo 68,5 milhões de dólares da China e 21,2 milhões de dólares do Japão, enquanto no mercado interno destacou-se o pagamento de dívidas a fornecedores e o lançamento de fundos para reabilitação económica e promoção do empreendedorismo jovem e feminino.
Ainda assim, Chapo reconheceu que a máquina pública continua a exibir fragilidades. Num momento raro de mea culpa, denunciou conflitos de interesse na gestão da Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), que travaram a aquisição de três novas aeronaves. “Descobrimos que, dentro da nossa empresa, há pessoas com conflitos de interesse. Vamos restruturar, e quem tiver de sair, sairá”, afirmou, prometendo uma limpeza sem contemplações.
Na frente social, o Presidente sublinhou os esforços de resposta a desastres naturais, o reforço dos programas de inclusão económica e a aposta no ensino técnico-profissional, com a certificação de 5.600 jovens. No impulso à digitalização, redes de Internet foram instaladas em 100 escolas e cinco mil computadores foram distribuídos a estudantes carenciados.
Apesar do tom optimista, analistas ouvidos pelo Txopela alertam que o verdadeiro teste da governação de Chapo ainda está por vir: manter o ímpeto reformista, sem deixar-se enredar pelas práticas e interesses que historicamente comprometeram a eficácia do Estado.
“Cada progresso conquistado é um passo importante”, insistiu Chapo, antes de reiterar que a estabilidade social e política “é a prioridade das prioridades”. A aposta, garantiu, é em reformas mais profundas e num desenvolvimento inclusivo que ainda está longe de ser realidade para a maioria dos moçambicanos.
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