Estamos a acompanhar de perto os processos pendentes de diálogo nacional inclusivo, enquanto, em contrapartida, assistimos a discursos de ódio proferidos por alguns líderes. Mas afinal, qual é a relação entre o diálogo e os discursos de ódio?
Recentemente, testemunhámos um gesto simbólico — um aperto de mãos — que todos nós aplaudimos com esperança. E vocês, que apertaram as mãos, também não sentiram orgulho? Não sentiram paz? O que motivou esse gesto? Se foi a vontade genuína de encontrar soluções concretas para a construção da paz no país, então estão de parabéns.
Mas como é possível que, depois desse gesto de reconciliação, um líder continue a falar das feridas do passado, incitando os seus apoiantes contra o outro? Isso não é reconciliação. Como um pai pode, após reconciliar-se com o vizinho, continuar a alimentar ódio nos filhos contra esse mesmo vizinho? Naturalmente, os filhos agirão com raiva. E isso contraria tudo o que queremos alcançar com o diálogo político nacional.
“A liberdade de expressão é um direito fundamental, mas não permite insultos à fé dos outros.” – Papa Francisco, 2025
Aproveito para saudar a União Europeia, na pessoa do Embaixador António Maggiore e sua equipa, pelos esforços consistentes em promover o diálogo nacional inclusivo entre o Governo e o Engenheiro Venâncio Mondlane. Saudamos igualmente as iniciativas dos encontros realizados nos dias 9 e 21 de abril de 2025, com ambas as partes.
A recente iniciativa do Presidente da República, Daniel Chapo, ao lançar a quarta edição da Chama da Unidade, é outro sinal positivo. Sabemos que este tipo de acção implica elevados custos, mas, como bem sabemos, a paz não tem preço. Por isso, devemos continuar a apostar no diálogo nacional inclusivo como caminho seguro para a estabilidade.
Na minha opinião, o sucesso do diálogo e da reconciliação nacional depende sobretudo da liderança. Se os líderes e os seus apoiantes continuarem a propagar discursos de ódio, a paz continuará distante. Devemos evitar alimentar o rancor e mostrar, com gestos e palavras, que a reconciliação é sincera e possível.
O povo moçambicano precisa de resultados concretos e transformadores. Está na hora de focarmo-nos nas verdadeiras prioridades:
- Emprego digno para os jovens
- Habitação condigna
- Educação técnica e profissional de qualidade
- Acesso a pequenos fundos para iniciativas juvenis
- Cursos de curta duração para capacitação
- Melhoria das vias de acesso
- E, urgentemente, soluções para o alto custo de vida
Queremos um país com: Zero baleamentos e assassinatos de cidadãos inocentes
Zero manifestações violentas. Zero destruição de bens públicos e privados
mais empregos e oportunidades para a juventude.
John Chekwa
Mediador Social, Consultor e Jornalista Independente
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