MAPUTO – Numa altura em que Moçambique celebra o mês da Mulher, o discurso em torno do empoderamento feminino deixa, felizmente, de ser apenas retórica de ocasião para se tornar acção com resultados mensuráveis. A MultiChoice África, gigante da comunicação e entretenimento no continente, é um exemplo de que é possível investir nas mulheres não apenas como gesto simbólico, mas como estratégia estrutural e sustentada de transformação social.
De acordo com a empresa, 48% da sua força de trabalho é feminina, e 43% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres. A marca, presente em 49 países da África Subsariana, produziu mais de 6.500 horas de conteúdo local só no último ano, em parte com rostos, vozes e histórias de mulheres que, até há bem pouco tempo, estavam confinadas ao bastidor.
Mas o impacto vai além do que se vê na tela. Em Moçambique, a MultiChoice promoveu recentemente um workshop voltado exclusivamente para as suas colaboradoras, conduzido pela terapeuta quântica Lara Pacheco Faria. Foram abordados temas como equilíbrio entre vida pessoal e profissional, gestão financeira e desenvolvimento interior — aspectos frequentemente ignorados no mundo corporativo, mas essenciais para a criação de ambientes laborais mais saudáveis e inclusivos.
Do ecrã para a mesa da cozinha
A transformação começa dentro, mas é pensada para fora. A MultiChoice Moçambique também está envolvida no projecto Sopa Solidária, da Plataforma Makobo, que alimenta comunidades vulneráveis enquanto oferece emprego e dignidade a mulheres, muitas delas chefes de família. Um modelo de acção que leva o discurso de empoderamento da televisão à panela do dia-a-dia.
Já o Fundo de Inovação da MultiChoice, lançado em 2012, desembolsou mais de 407 milhões de rands para apoiar pequenas empresas lideradas por mulheres negras e jovens. Com esse investimento, 77 empresas foram apoiadas, gerando mais de 1.400 empregos – um impacto real, económico e social, que não se esgota no branding.
A MultiChoice afirma-se como a maior contadora de histórias de África. E não é por acaso. As academias MultiChoice Talent Factory, sediadas em Lusaka, Nairobi e Lagos, garantem que 50% das vagas sejam destinadas a mulheres, num esforço deliberado de romper com o velho ciclo de exclusão e invisibilidade.
Os cursos, que abrangem áreas como realização, escrita, engenharia de som e produção, têm sido trampolim para uma geração emergente de cineastas africanas. Muitas já brilham em festivais internacionais e estreiam seus filmes nas plataformas da MultiChoice, numa clara viragem de narrativa: as mulheres já não são apenas personagens secundárias — estão, cada vez mais, no comando da câmara e da história.
Investir nas mulheres não é um favor, nem um gesto de compaixão. É uma decisão estratégica, consciente, sustentada por programas sérios e resultados verificáveis. Como sublinha a Organização Internacional do Trabalho, o emprego feminino é um dos factores mais determinantes para tirar famílias da pobreza. E as estatísticas mostram que as mulheres reinvestem mais em saúde, educação e bem-estar das suas comunidades.
O que a MultiChoice está a fazer, em bom rigor, é criar um efeito dominó positivo: capacita-se uma mulher, melhora-se a vida de uma família. Empodera-se uma cineasta, transforma-se a narrativa de um povo.
Num continente habituado a ser narrado por outros, dar voz às mulheres africanas é talvez o acto mais revolucionário de todos.
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