Maputo – Numa altura em que se multiplicam os discursos em torno da igualdade de género, mas persistem desigualdades estruturais no acesso a recursos e oportunidades, o auditório do BCI acolheu, esta terça-feira (15), o evento “Chá de Conexões”, uma iniciativa promovida em parceria com a rede New Faces New Voices (NFNV), no quadro das celebrações do Mês da Mulher.
O encontro teve como foco central o papel das mulheres na indústria extractiva — um sector tradicionalmente dominado por homens e marcado por dinâmicas de exclusão. Sob o lema “Empreendedorismo, Inovação e Sustentabilidade”, o painel de debate contou com a presença de vozes femininas influentes do sector: Ludovina Bernardo, PCA da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos; Fáusia Gonçalves, empresária na área de transportes; e Natália Camba, do Instituto Nacional de Petróleos.
Na abertura do evento, Francisco Costa, Presidente da Comissão Executiva do BCI, destacou o papel histórico e presente da mulher na sociedade moçambicana e defendeu que iniciativas como esta “precisam repetir-se e multiplicar-se”. Lançou ainda um apelo à acção colectiva: “Precisamos de todas as mulheres, de todas as que vierem, para a construção de uma sociedade mais inclusiva e sustentável”, frisou o gestor.
Costa aproveitou a ocasião para anunciar o lançamento de novas iniciativas de empoderamento feminino, desenvolvidas em parceria com a NFNV. Estas acções terão como eixos principais a capacitação em competências de liderança e a disponibilização de produtos e serviços bancários orientados para as necessidades específicas das mulheres.
Já Glayds Gande, representante da NFNV, sublinhou que a presença feminina na indústria extractiva é, por si só, um acto de resiliência e liderança silenciosa. “Trata-se de um sector exigente, onde a mulher se afirma apesar de obstáculos múltiplos”, disse. Gande reafirmou o compromisso da sua organização em promover transformações estruturais na economia, assentes na inclusão financeira das mulheres. Para tal, a NFNV actua em três frentes: acesso a financiamento, acesso a redes de influência e formação em liderança.
Muito mais que chá
Embora a actividade tenha decorrido num ambiente informal e simbólico — com a partilha de chá como metáfora para o diálogo e a conexão — o conteúdo das intervenções revelou um esforço consciente de dar visibilidade às assimetrias de género em sectores estratégicos da economia.
O evento encerrou com um apelo claro: não basta reconhecer o valor das mulheres — é necessário abrir espaços reais de decisão, dotar de meios e reconhecer, com políticas concretas, o seu papel na transformação económica de Moçambique.
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