Quelimane — O Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) apresentou, esta quinta-feira, dois jovens como sendo os presumíveis autores do assassinato da jovem Zarina, cujo corpo foi abandonado, no mês passado, à beira da Avenida Marginal, em Quelimane. Contudo, em vez de trazer clareza e respostas à opinião pública, a instituição de investigação optou por uma postura evasiva, lançando a “batata quente” para o colo do tribunal.
Os dois acusados negam categoricamente envolvimento no crime, alegando inocência e afirmando terem sido detidos arbitrariamente. A parca explicação apresentada pelo SERNIC, limitada a dizer que “os elementos necessários já foram colhidos”, não convenceu e deixou mais dúvidas do que certezas sobre a condução do processo.
“Compete agora ao tribunal decidir”, declarou o porta-voz da corporação, sem avançar detalhes sobre o suposto envolvimento dos arguidos, nem esclarecer os contornos que levaram à sua detenção. O silêncio do SERNIC em relação às motivações, provas concretas ou testemunhos credíveis está a alimentar desconfiança entre os cidadãos e familiares da vítima, que exigem justiça, sim, mas com transparência e responsabilidade institucional.
No seio da sociedade civil cresce a preocupação com aquilo que parece ser um padrão, a pressa em apresentar “culpados” sem fundamentação robusta, enquanto os reais mandantes de crimes hediondos continuam a circular impunes.
O caso Zarina, que chocou a cidade de Quelimane e gerou manifestações espontâneas exigindo justiça, arrisca cair no mesmo fosso de outros processos inconclusivos, onde o esclarecimento dá lugar à impunidade.
Para já, o tribunal terá a palavra. Mas a sociedade não se cala, exige respostas, justiça e o fim da banalização da vida em Moçambique.
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