O risco de desabamento da ponte que liga a cidade de Quelimane Ă praia de Zalala â o principal destino turĂstico da provĂncia da ZambĂ©zia â deixou de ser um alerta tĂ©cnico para tornar-se um prenĂșncio de tragĂ©dia anunciada.
Hå quase uma década que os primeiros sinais de fragilidade estrutural foram detectados, mas o problema tem sido reiteradamente ignorado pelos sucessivos governos.
A Ășltima intervenção de que hĂĄ registo ocorreu hĂĄ quatro anos, e consistiu numa operação remediativa de emergĂȘncia apĂłs a abertura de um buraco na ponte que se situa na zona residencial de Mugogoda, que obrigou Ă interrupção do trĂĄfego durante dias. Desde entĂŁo, nada mais foi feito, apesar da progressiva e visĂvel erosĂŁo provocada pelo rio nas bases terrestres da ponte. Especialistas locais alertam que a erosĂŁo Ă© acelerada, mas perfeitamente calculĂĄvel e evitĂĄvel â caso houvesse vontade polĂtica.
Com cerca de 10 metros de comprimento, a ponte representa muito mais do que um simples troço rodoviĂĄrio. Ă o elo vital que liga Quelimane ao Ăcone turĂstico de Zalala, que anualmente acolhe milhares de turistas nacionais e estrangeiros, sendo tambĂ©m palco do aclamado Festival de Zalala, um dos maiores eventos culturais da provincia.
Zalala abriga unidades hoteleiras, restaurantes e uma vibrante linha de actividades recreativas e comerciais que impulsionam a economia. A eventual queda da ponte poderĂĄ significar o colapso desse circuito econĂłmico, mergulhando a provĂncia num retrocesso com impacto directo no turismo, no comĂ©rcio e na mobilidade da população.
O governo continua em silĂȘncio, alheio aos apelos da sociedade civil e dos agentes econĂłmicos locais, que alertam para as consequĂȘncias nefastas de mais um caso de omissĂŁo crĂłnica do Estado moçambicano. A transitabilidade estĂĄ jĂĄ hoje condicionada, e com ela, esvai-se tambĂ©m a esperança de que a ZambĂ©zia venha um dia a ocupar o lugar que merece no mapa turĂstico e econĂłmico do paĂs.
Mais do que uma ponte, o que estĂĄ em jogo Ă© a prĂłpria dignidade de uma provĂncia que, apesar das promessas, continua a ser tratada como parente pobre da RepĂșblica.
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