Por: Zito do Rosário Ossumane*
Em Moçambique, a corrupção já não é um exclusivo do partido no poder. Os partidos da oposição, que se vendem como defensores do povo, assinaram um cheque em branco para um assalto aos bolsos dos moçambicanos, sob o disfarce de um “compromisso político para um diálogo nacional e inclusivo”. Um nome pomposo para um esquema bem orquestrado de pilhagem.
O documento, já submetido à Assembleia da República para ser transformado em lei, prevê nada menos que 101 encontros ordinários e extraordinários para um punhado de políticos e burocratas que dizem estar a “construir consensos” para o futuro do país. Mas, na verdade, estão a garantir um esquema milionário de ajudas de custo e benesses.
Cada membro da Comissão Técnica, formada por representantes dos partidos que assinaram este pacto, vai embolsar 18 mil meticais por reunião – um cálculo modesto, já retirando despesas colectivas. Esse montante cobre senhas de presença, comunicações, alimentação e outros luxos que a maioria dos moçambicanos nem sonha em ter num mês inteiro de trabalho árduo. E para quê? Para discutir o quê?
O orçamento total desta farsa atinge 91 milhões, 471 mil e 200 meticais. Um valor astronómico num país onde hospitais públicos não têm medicamentos, escolas não têm carteiras e a maioria da população sobrevive com menos de um dólar por dia.
A tragédia não está apenas no roubo descarado, mas na cumplicidade da oposição, que sempre acusou a Frelimo de pilhar o Estado, mas que agora se senta confortavelmente à mesa do banquete. Não há diálogo nacional que justifique tal desperdício. Este “compromisso político” é, na verdade, um pacto da elite para continuar a viver à custa dos moçambicanos.
O povo deve recusar esta palhaçada. Porque, no fim do dia, os políticos – sejam do governo ou da oposição – acabam sempre a concordar numa coisa: engordar as suas contas enquanto os moçambicanos continuam pobres. * Jornalista & Activista politico
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Números astronómicos…
Isso mesmo… Uma tristeza…
So sad!