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ESTÔMAGOS ACIMA DA CONSTITUIÇÃO

ESTÔMAGOS ACIMA DA CONSTITUIÇÃO

A oposição submissa, a Frelimo triunfante e a traição à vontade popular!

No artigo “Partidos Políticos da Oposição: Esfomeados e Marionetes da Frelimo no Processo Eleitoral”, publicado no Jornal Txopela, já alertávamos para a subordinação vergonhosa e a falta de acção eficaz dos partidos da oposição face às flagrantes irregularidades eleitorais. Infelizmente, o que prevíamos não só se concretizou, como se aprofundou de forma ainda mais lamentável. O que estamos a assistir é a confirmação de uma oposição desorganizada, refém de interesses estomacais, que esqueceu a verdadeira razão da sua existência: a defesa da soberania popular e a luta pela verdade e justiça eleitoral.
As eleições gerais de 2024 entraram para a história não por um processo eleitoral digno, mas por se tratarem das mais fraudulentas desde a introdução do multipartidarismo. A Frelimo, como é seu costume, não poupou esforços para consolidar sua “hegemonia”. Usaram de todos os métodos possíveis: desde o enchimento de urnas, a reprodução fraudulenta de cartões de eleitores, a falsificação descarada de editais e actas, até ao assassinato de manifestantes pacíficos. E o que fizeram os partidos da oposição? Em vez de unirem forças contra esta fraude monstruosa para expulsar o regime sanguinário da Frelimo, preferiram dispersar-se em discursos vazios, defendendo interesses particulares e mesquinhos. Essa desunião enfraqueceu qualquer tentativa de contestação eficaz ou produtiva.
O Conselho Constitucional, como era de se esperar, agiu como uma extensão da Frelimo, validando os resultados fraudulentos e estabelecendo a data de tomada de posse. Esta tomada de posse pode bem ser chamada de “Hipocrisia da Posse Parlamentar, Presidencial e Provincial”. O mais grave neste quadro de desolação é que, apesar de terem criticado de forma veemente os resultados fraudulentos, os deputados da RENAMO, MDM e PODEMOS já demonstraram a intenção de tomar posse, isto é, de segurar o tacho, como quem diz “que se dane os manifestante. Este acto, é a prova viva de que o discurso de oposição não passa de palavras vazias, e que, no final, o que realmente importa é o “estômago” político. A vontade popular, os princípios constitucionais, e até mesmo a moralidade, foram deixados para trás.
A postura de Forquilha é a pior, é a personificação dessa traição sem escrúpulos. Movido pelas suas ambições pessoais, está a trair não só o Venâncio Mondlane, mas todo o povo que acreditou no PODEMOS, que antes era apenas uma casca vazia e agora foi transformada num veículo político para interesses pessoais. A sua atitude é uma representação clara de uma oposição mais preocupada com cargos e benefícios pessoais do que com o bem-estar do povo que “juraram” representar.
O povo moçambicano é, neste momento, chamado a não permitir a usurpação da sua vontade. Este é o momento de entender que a luta pela democracia não pode depender de uma oposição submissa, corrompida por interesses estomacais. O momento exige união, coragem e determinação para impedir que os interesses pessoais de políticos oportunistas e sanguessugas abafem a vontade genuína do POVO. Este ciclo de submissão e traição que se repete há mais de 30 anos precisa ser rompido. Ele só se encerrará quando o POVO decidir tomar nas próprias mãos o destino de Moçambique.
A soberania não pertence a um Conselho Constitucional corrupto e desonesto, nem a políticos comprometidos com interesses escusos. Ela reside no povo moçambicano, e este processo eleitoral não pode terminar nas mãos de uma instituição que validou decisões ambíguas e ilegais. A luta pela democracia é, antes de mais nada, a luta pelo direito de sermos livres e respeitados como Nação, como POVO. O poder deve ser devolvido àqueles que verdadeiramente escolhem o seu destino, e é hora de exigirmos a devolução da nossa soberania.
A democracia não é apenas uma palavra, é um direito fundamental que deve ser respeitado e protegido. Que o POVO moçambicano não permita mais que o seu destino seja decidido por políticos que traem o seu compromisso com a verdade, a justiça e a vontade popular.
Por JN

O Jornal Txopela é um dos principais órgãos de comunicação social independentes da província da Zambézia, em Moçambique. Fundado com o propósito de oferecer um jornalismo crítico e de investigação, o Txopela destaca-se pela sua abordagem incisiva na cobertura de temas políticos, sociais e económicos, dando voz às comunidades e promovendo o debate público. O Txopela tem presença tanto na versão impressa quanto digital, alcançando leitores em todo o país e na diáspora moçambicana. A sua cobertura abrange desde a política local até temas internacionais, sempre com um olhar atento às dinâmicas que afetam a sociedade moçambicana.

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