O Conselho Constitucional (CC) tentou novamente ensaiar um espetáculo de “moralidade” eleitoral ao solicitar actas e editais ao Consórcio Mais Integridade. Mas desta vez, a resposta foi dura, clara e cheia de ironia: o Consórcio mandou o pedido “passear” com a elegância de quem já não tem paciência para o teatro eleitoral de Moçambique.

Em uma resposta oficial datada de 9 de Dezembro, Edson Cortez, presidente do Consórcio, desmontou a encenação do CC, recordando que o órgão havia ignorado os mesmos documentos após as eleições autárquicas de 2023. Na época, o Mais Integridade entregou uma pen drive recheada com provas de irregularidades em 94% das mesas de Maputo e 88% da Matola – números que gritam fraude. Mas, como era de se esperar, o CC fechou os olhos, os ouvidos e, ao que parece, também a consciência.

“Agora querem os documentos que rejeitaram no ano passado? Isso é para rir ou para chorar?” – parece ser a tradução não oficial da resposta do Consórcio, que acusou o CC de contradição descarada. Para muitos analistas, esta troca de correspondência apenas confirma o que todos já sabiam: o CC não é um árbitro eleitoral, mas sim um jogador de linha do partido no poder.

A indignação do Consórcio não está isolada. Nos corredores da sociedade civil e nas redes sociais, a actitude do CC é vista como uma tentativa de “lavar a cara” depois do desastre de credibilidade das eleições de Outubro de 2024. Observadores apontam que a solicitação não passa de mais uma manobra para legitimar um processo eleitoral viciado e amplamente contestado.

Entretanto, a pergunta que fica no ar é: se o CC ignorou provas claras de fraude em 2023, por que agora demonstra súbito interesse? Para os cínicos, a resposta é óbvia: talvez o verdadeiro objectivo não seja corrigir o passado, mas sim criar uma cortina de fumo para as irregularidades do presente.

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