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 Estarrecido como se tratam acidentados

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 Visionei umas imagens que me enviaram, aí de Moçambique, sobre um acidente de viação, entre um chapa e um veículo da polícia. Não me interessa situar esse sinistro rodoviário no tempo. O que me exige comentar é todo o aparato e a falta de meios de socorro e, também, de conhecimentos de primeira intervenção da maioria presente.

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 Cidadãos que gritavam, que andavam tresloucados de um lado para o outro e que olhavam, bloqueados, para o cenário horrendo. Fico estarrecido como se tratam os acidentados.

 Vamos por partes, porque as imagens me deixaram em transe e me obrigam a colocar um conjunto de premissas.

 Primeiro: avalio que existe uma inaptidão, por banda da esmagadora maioria dos cidadãos, para lidar com situações como a que visionei. A carrinha “chapa”, de transporte de passageiros, ficou tombada no asfalto. Um magote de pessoas, reunindo forças, colocaram-na direita. Mas sem atender ao que iam fazer, porque virar uma viatura é colocar em registo os acidentados.

 Segundo: mais outra inaptidão que é assustadora para uma sociedade que se pretende desenvolvida. Deitados alguns feridos no chão, ninguém sabia lidar com os problemas. Um exemplo: uma senhora esvaia-se em sangue, através de um braço. Ninguém lhe colocou ou fez um garrote, com um cinto ou uma corda, para estancar a hemorragia… Um polícia, deitado sob o lado direito, no capim, sem que alguém o virasse, ao de leve, dando-lhe a forma de, pelo menos, conseguir respirar sem estar em esforço.

 Terceiro: não reparei na chegada de meios de socorro, ou seja, bombeiros que devem saber como actuar nesses casos, provendo à ajuda aos feridos, primeiro, mais graves e, depois, aos leves. Também, não verifiquei a chegada de ambulâncias, devidamente, equipadas com meios complementares de salvamento.

 Perante este quadro (quantos outros, dos mais variados sectores, não haverá, em Moçambique e que, por incúria de Planos devidamente enquadrados e estabelecidos pelos respectivos Departamentos/Serviços do Estado não funcionam ou nunca lhe conhecemos desempenho?) ocorre-me dizer que as falhas são tantas nesse País que, efectivamente, em cerca de 50 anos de novo regime, pouco ou nada foi feito, começando-se pelo Ensino, onde se prepara gente para a Nação que pretendemos construir. Os alunos, a partir do 9.o ano, têm noções de socorrismo e cívicas? Apraz dizer-vos que, e infelizmente, os grandes projectos para Moçambique, devendo o foco já ter sido realizado em Programas de socorro às populações, na saúde, ensino/instrução, segurança e justiça, são quimeras. Sonhos que derrotam e amarfanham o povo, desconstruindo a sociedade e postergando-a. A vida, em Moçambique, para uma alargada fatia de cidadãos, assenta num gueto de miséria pessoal, onde não vive a dignidade humana.

 É tempo de se desenharem, estudando e aprontando, para se materializarem, Programas que definam políticas públicas para o socorro e para todo um conjunto de sectores que são a alavanca do desenvolvimento e da felicidade/dignidade do povo.

António Barreiros, jornalista

 


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