A cidade de Maputo voltou a ser palco de mais um episódio que expõe, com brutal clareza, a fragilidade do Estado moçambicano na proteção da vida humana. José Pedro da Silva, empresário português de 41 anos e administrador da empresa Sotubos, foi assassinado a tiro hoje sexta-feira, 2 de Maio, em plena luz do dia. O modus operandi foi o mesmo de sempre, dois veículos cercam a viatura da vítima, uma rajada de metralhadora silencia mais uma vida e os criminosos evaporam-se num ambiente de total permissividade institucional.
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Ao que o Txopela apurou, José Pedro seguia com motorista e segurança privado. Nada disso impediu os atacantes de cumprirem a sua missão com precisão militar. Fontes locais falam de uma tentativa de rapto mal sucedida, embora os contornos do caso ainda estejam envoltos em neblina, a mesma que parece pairar permanentemente sobre a capacidade investigativa da PRM.
A morte do empresário foi confirmada por diversos meios de comunicação portugueses – SIC Notícias, Correio da Manhã, Observador, TVI24 – que não pouparam críticas ao clima de insegurança em Moçambique. A indignação transbordou para os corredores diplomáticos em Lisboa, com o governo português a exigir explicações ao seu homólogo moçambicano.
Este não é um caso isolado. José Pedro junta-se à lista de cidadãos portugueses assassinados em Moçambique nas últimas duas décadas, em circunstâncias que variam entre assaltos, raptos e execuções frias. Os dossiês destes casos jazem esquecidos nas gavetas da justiça, engavetados pelo medo, incompetência ou conivência. Em cada um deles, o denominador comum é a ausência de respostas e a contínua descredibilização das instituições do Estado.
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O impacto político e económico da tragédia é profundo. A confiança dos investidores estrangeiros já abalada por sucessivos raptos e extorsões resvala perigosamente para o abismo. Empresários portugueses estabelecidos no país, ouvidos por meios lusos, falam em “clima de terror” e admitem abandonar Moçambique. Não se trata de alarmismo, trata-se de uma leitura fria da realidade de um Estado em colapso em matéria de segurança urbana.
A cidade do medo
Maputo transformou-se numa metrópole sitiada, onde a vida humana vale menos do que o telemóvel de última geração. A presença de forças de defesa e segurança não inibe o crime organizado; pelo contrário, alimenta suspeitas de infiltração e cumplicidade. Quem deve proteger, muitas vezes protege-se a si próprio ou aos esquemas que garantem silêncio e rendimentos fáceis.
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