Matola – A Organização da Mulher Moçambicana (OMM), braço feminino da Frelimo, tem desde a madrugada desta segunda-feira uma nova secretária-geral: trata-se de Cidália Chaúque, política de longa data, que sucede a Mariazinha Niquice, agora reconduzida ao parlamento na qualidade de deputada pela bancada maioritária.
A eleição de Chaúque ocorreu durante a Sessão Ordinária do Conselho Nacional da OMM, realizada na Escola Central do partido Frelimo, na cidade da Matola, epicentro tradicional da formação e reprodução das lideranças do partido no poder. A escolha da nova timoneira da OMM confirmou o que já se antevia nos bastidores: uma sucessão controlada, com o selo da continuidade e fidelidade à linha oficial.
Cidália Manuel Chaúque Oliveira, nascida a 22 de Outubro de 1972, em Maputo, é uma figura bem conhecida nos corredores do poder. Filha de Manuel Eugénio Chaúque e Catarina António Macamo, construiu o seu percurso político e técnico entre Inhambane e Maputo, tendo exercido vários cargos no aparelho do Estado e da Frelimo.
Com raízes cristãs na Igreja Presbiteriana (Missão Suíça), e domínio de línguas locais como Gitonga, Cicopi e Xichangana, Chaúque é retratada por sectores do partido como uma mulher de “perfil discreto, mas firme”, embora a sua ascensão à liderança da OMM seja lida por analistas como mais uma peça no tabuleiro interno de reafirmação do controlo partidário sobre os movimentos sociais associados ao partido.
Licenciada em Contabilidade e Auditoria pela Universidade Politécnica de Maputo, Chaúque possui ainda formação técnica em recursos hídricos pela antiga Direcção Nacional de Águas, tendo ingressado no aparelho estatal nos anos 90.
Apesar da mudança na liderança, o discurso que marcou o encerramento da sessão da OMM indicia que pouco mudará no conteúdo político da organização. As referências ao “fortalecimento da mulher moçambicana”, ao “papel da mulher na consolidação da paz” e à “luta contra a pobreza” voltaram a marcar as declarações protocolares, agora sob nova voz, mas com a mesma cartilha.
Com Cidália Chaúque à frente da OMM, observadores políticos esperam para ver se haverá renovação real ou se o organismo continuará a cumprir o seu papel de satélite partidário, priorizando a fidelidade ao partido em detrimento das causas femininas mais críticas e estruturantes.
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