Gritaram no Conselho Municipal, cantaram contra a taxa, e exigiram respeito
Não foi só mais uma terça-feira em Nampula. Um grupo numeroso de mototaxistas decidiu levantar poeira e vozes diante do edifício do Conselho Municipal. Vieram zangados, com as suas motorizadas, para dizer ao Presidente Gingira que não vão pagar os 2.000 meticais de taxa que o município quer cobrar.
A decisão de protestar nasceu depois de vários mototaxistas terem sido confrontados por fiscais da edilidade. Os jovens, que todos os dias enfrentam buracos nas estradas, sol, chuva e desgaste dos seus veículos, consideram a cobrança injusta. Dizem que já pagam 10 meticais por dia à AVOTANA (Associação dos Voluntários para a Organização dos Táxis de Mota), e agora querem forçá-los a pagar mais?
“Assim não dá, chefe. Nós não conseguimos trabalhar o ano todo. Às vezes a mota estraga, às vezes não há clientes. Agora vão nos tirar 2.000 de uma vez?”, reclamou um dos operadores.
Os mototaxistas ocuparam o pátio do Conselho Autárquico e pediram para falar com o presidente do município, Luís Giquira. Sentindo a pressão do protesto, o edil desceu do seu gabinete e tentou explicar que a taxa está prevista nas regras do município.
“Não é coisa nova, está no Código de Postura. Sempre existiu”, disse o edil.
Mas os jovens não se deixaram convencer. Dizem que o município só aparece para cobrar, mas não faz nada para melhorar as condições em que trabalham.
“Essas estradas estão cheias de buracos. Cada semana temos que ir à oficina. Com que moral eles nos cobram, se nem conseguem manter as vias em condições?”, questionou outro operador.
Giquira, visivelmente irritado, acusou a AVOTANA de estar por trás da paralisação, e ameaçou que quem não pagar os 2.000 meticais, vai levar com uma multa de 5.000 meticais.
A resposta caiu mal. Em vez de resolver o problema, o município acabou por incendiar ainda mais os ânimos. Para muitos mototaxistas, essa é só mais uma prova de que o poder local está longe do povo, principalmente dos jovens que tentam ganhar a vida com esforço e sem apoio nenhum.
“Eles querem arrecadar dinheiro, mas esquecem que nós também temos contas, famílias, e dificuldades. Não nos dão estradas boas, nem formação, nem segurança. Só querem multar e apertar”, disse um dos líderes informais do grupo.
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