O Venâncio Mondlane e a sua equipe formalizaram a constituição do Anamalala hoje, acrônimo da Aliança Nacional para um Moçambique Livre e Autônomo. “Anamalala” quer dizer qualquer coisa como “acabou” ou “basta”; se quisermos puxar um pouco a corda, poderíamos traduzir como “chega!”.
Um golpe de mestre. “Anamalala” é falado e entendido pela maioria do povo moçambicano. Segundo dados oficiais do Estado, a língua macua é a mais falada do país e, por consequência, Nampula é a província mais populosa. O que parecia apenas um slogan de combate durante a campanha eleitoral e que constituiu a espinha dorsal da unidade nacional entre o Norte e o Centro tornou-se, agora, o emblema de um novo movimento político. “Anamalala” é entendido sem dificuldades nas duas regiões que concentram a maior parte da população moçambicana e onde Venâncio “governa” sem deter o poder do Estado.
Ainda mais impressionante é a estratégia política ao escolher o primeiro dia da reunião magna do Comitê Central da Frelimo para submeter os documentos oficiais da nova formação política. Num xadrez onde cada movimento carrega simbolismo e impacto, essa jogada não pode ser vista como mera coincidência. Trata-se de um desafio directo, um contraponto às elites dominantes e um recado claro de que o tabuleiro político não será mais o mesmo.
Se a Frelimo se via como a única dona do discurso de unidade nacional, agora precisa lidar com um movimento que soube interpretar e canalizar o sentimento popular. O Anamalala nasce com uma identidade linguisticamente enraizada e politicamente aguerrida. Seu crescimento e aceitação são questões de tempo e de estratégia. No jogo da política moçambicana, Venâncio Mondlane acaba de fazer xeque-mate antes mesmo da partida começar.
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