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Estômago que mata o povo

Estômago que mata o povo

Frelimo usa estômago dos líderes políticos da oposição como arma para matar a vontade do povo
Logo após as eleições de 11 de outubro de 2024, um cenário previsível e revoltante se repetiu: os líderes da oposição, em uníssono, lamentaram, gritando que foram “roubados”, tal como tem acontecido nos últimos 30 anos de multipartidarismo. Enquanto isso, o povo, já cansado de ser manipulado, saiu às ruas para exigir o respeito ao seu voto. Porém, esta luta pela verdade eleitoral tem um preço alto – vidas humanas. Homens e mulheres tombam todos os dias, vítimas da repressão e do descaso, porque ousam sonhar com uma democracia verdadeira.
Mas, enquanto o povo clama por justiça e verdade eleitoral, os líderes políticos da oposição estão à mesa e no quarto em namoros com a Frelimo. Nesta mesa, o prato principal são as almas do povo que vão tombando todos os dias, e a bebida é o sangue dos mártires que tombaram pela verdade. As negociações não têm como objetivo trazer a justiça eleitoral que o povo exige, mas, sim, satisfazer os interesses pessoais e partidários.
A oposição justifica sua postura com argumentos batidos: “vamos lutar dentro das instituições”. A pergunta que não quer calar é: o que farão de diferente dentro dessas instituições corrompidas, que não fizeram em três décadas de lamentações e acordos de bastidores? Por 30 anos, o povo viu as mesmas promessas vazias serem repetidas, enquanto os líderes políticos enchem os seus estômagos à custa da miséria da nação.
Chegou o momento de quebrar esse ciclo vicioso! Este é o momento único de fazer tudo diferente. Deixar a Frelimo tomar posse sozinha, legislar sozinha e governar sozinha. E então, veremos: a quem a Frelimo governará se o povo continuar nas ruas, exigindo a verdade eleitoral?
Se a oposição não encurralar a Frelimo agora, a Frelimo encurralará a oposição por muito tempo. A perpetuação no poder, apoiada pela pobreza e ignorância do povo, garantirá mais 50 anos de desgraça. Não há mais espaço para desculpas ou para argumentos que mascaram a fraqueza de caráter e a falta de compromisso com a luta do povo.
Se os líderes da oposição aceitam sentar-se à mesa com um regime corrupto enquanto o povo morre nas ruas, então são tão cúmplices quanto os próprios opressores (talvez são insensíveis porque dentre os mortos não existe seus familiares). A resistência deve ser clara, contundente e sem concessões. É hora de abandonar o conforto do banquete político e enfrentar a realidade: ou estão com o povo, ou estão contra ele.
A história não será generosa com os líderes políticos que traíram o seu povo em troca de migalhas. Este é o momento de fazer escolhas corajosas e históricas. Se a oposição fraquejar, será lembrada como o estômago que matou a vontade do povo.

O Jornal Txopela é um dos principais órgãos de comunicação social independentes da província da Zambézia, em Moçambique. Fundado com o propósito de oferecer um jornalismo crítico e de investigação, o Txopela destaca-se pela sua abordagem incisiva na cobertura de temas políticos, sociais e económicos, dando voz às comunidades e promovendo o debate público. O Txopela tem presença tanto na versão impressa quanto digital, alcançando leitores em todo o país e na diáspora moçambicana. A sua cobertura abrange desde a política local até temas internacionais, sempre com um olhar atento às dinâmicas que afetam a sociedade moçambicana.

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