Num gesto que mistura ousadia política e um subtil cálculo estratégico, o Presidente do Malawi, Lazarus Chakwera, decidiu baptizar duas avenidas de Lilongwe com os nomes de Peter Mutharika e Joyce Banda, os seus principais opositores nas eleições de 16 de Setembro.
Receba notícias e alertas em primeira mão diretamente no seu telemóvel.
👉 Seguir Canal no WhatsApp
A decisão, anunciada a 9 de Agosto, apanhou de surpresa não apenas os malawianos, mas também os próprios visados, ambos ex-chefes de Estado e adversários de peso no xadrez político nacional. O gesto foi explicado por Chakwera como “um reconhecimento do contributo” que estes líderes deram ao país. Porém, a coincidência temporal com a aproximação das eleições levanta interrogações inevitáveis: será genuíno tributo à história ou uma manobra de sedução política?
Chakwera foi além: determinou que o Aeroporto Internacional de Chileka, em Blantyre, passasse a chamar-se Aeroporto Internacional Bakili Muluzi, em honra ao antigo presidente. É um acto raro, quase inaudito, ver um governante no poder inscrever na geografia urbana o nome dos que lhe disputam o trono.
A reacção dos homenageados oscilou entre o espanto e a prudência. Mutharika, com a calculada sobriedade de quem se prepara para enfrentar as urnas, lançou a pergunta que ecoa nas ruas: “Por que agora?” — deixando ao povo o juízo sobre se este baptismo de pedra e asfalto é símbolo de reconciliação ou mero truque eleitoral.
Entre analistas, o gesto de Chakwera é lido como uma tentativa de moldar a narrativa nacional em torno da unidade e da continuidade, num país historicamente fragmentado por disputas políticas ferozes. A dúvida persiste: a homenagem será suficiente para dissolver tensões ou apenas adicionará mais um capítulo ao manual da astúcia política africana?
Recentemente, Chakwera já havia atribuído o nome do falecido vice-presidente Saulos Chilima a uma estrada da capital, sinalizando uma estratégia clara: inscrever na memória urbana do Malawi os nomes que representam, de algum modo, o fio condutor da sua história política.
No fundo, o Presidente joga com a simbologia — e a simbologia, em política, raramente é inocente.
Discover more from Jornal Txopela
Subscribe to get the latest posts sent to your email.
📢 Anuncie no Jornal Txopela!
Chegue mais longe com a sua marca.
Temos espaços disponíveis para publicidade no nosso site.
Alcance milhares de leitores em Moçambique e no mundo.
Saiba mais e reserve já