Sintonize a Rádio Chuabo – 103.0 FM

Venâncio Mondlane clarifica: adesão ao Anamola ainda não tem mecanismos oficiais

Data:

O líder do recém-criado partido Anamola, Venâncio Mondlane, veio a público esta terça-feira, para desmontar informações que circulam nas redes sociais sobre supostos links de inscrição de novos membros. Segundo o político, não existe, até ao momento, nenhum procedimento formal para adesão à nova formação política.

📢 Junte-se ao canal do Jornal Txopela no WhatsApp!

Receba notícias e alertas em primeira mão diretamente no seu telemóvel.

👉 Seguir Canal no WhatsApp

Mondlane reagia às várias publicações digitais que prometem acesso directo ao partido através de formulários online. “Quero ser claro: esses links são todos falsos. O partido ainda não abriu o processo de registo. Nós próprios, em tempo oportuno, iremos anunciar oficialmente o mecanismo de adesão” – afirmou.

O dirigente explicou ainda que, quando o processo for lançado, será feita uma apresentação pública, possivelmente através de uma transmissão ao vivo nas plataformas digitais, para orientar os interessados. “Claro que vamos usar tecnologia para simplificar o processo, mas faremos de forma didática, explicando passo a passo. Até lá, tudo o que aparece a circular deve ser tratado como fraude” – reforçou.

Um partido em construção

A intervenção de Mondlane surge num momento em que o Anamola tenta consolidar a sua identidade política após o anúncio da sua criação em Julho  e a sua aprovação pelo Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, esta semana. O partido ainda não formalizou estruturas de base nem abriu oficialmente a filiação de simpatizantes, mas já desperta curiosidade e expectativa no eleitorado.

Analistas políticos sublinham que o fenómeno das falsas inscrições pode ser um reflexo da ansiedade que norteia a entrada de Mondlane no tabuleiro político nacional, depois de ter deixado marcas como deputado e dirigente da RENAMO. Ao mesmo tempo, evidencia os riscos da desinformação no espaço digital, sobretudo num contexto em que novas forças políticas procuram ganhar visibilidade.

Comparações com outras formações políticas

O lançamento do Anamola contrasta com experiências recentes de outros partidos em Moçambique. Quando a Nova Democracia (ND) foi criada em 2003, por exemplo, o processo de adesão foi imediato e físico: os simpatizantes eram incentivados a preencher fichas de membro em encontros locais, sem recorrer a plataformas digitais.

Mais recentemente, em 2014, o MDM (Movimento Democrático de Moçambique), fundado por Daviz Simango, enfrentou situação semelhante de forte procura inicial. A adesão era feita sobretudo em comícios populares, o que gerava longas filas de interessados em várias cidades do país. O uso de tecnologia ainda não era central, mas a afluência espontânea ajudou o partido a consolidar rapidamente a sua base social.

Já o PARENA, no início da década de 1990, apostou num registo manual descentralizado, mas enfrentou enormes dificuldades de coordenação, o que fragilizou a sua implantação e contribuiu para a rápida perda de relevância no cenário político nacional.

Ao optar por um modelo de inscrição digital e controlado, o Anamola procura diferenciar-se, alinhando-se a práticas modernas que têm sido usadas em países vizinhos, como na África do Sul, onde partidos como a DA e o EFF disponibilizam plataformas de adesão online. A diferença é que Mondlane quer garantir, primeiro, a fiabilidade do sistema antes de abrir as portas à massa de simpatizantes.

Com este esclarecimento, Mondlane procura não apenas evitar que simpatizantes sejam vítimas de golpes digitais, mas também manter o controlo narrativo sobre o processo de implantação do Anamola. O partido enfrenta o desafio de estruturar-se em pouco tempo, conquistar bases de apoio e afirmar-se como alternativa credível, num cenário político dominado historicamente pela FRELIMO e RENAMO.

O discurso do líder deixa claro que a adesão será aberta em breve, com recurso à tecnologia, mas sob supervisão directa da direcção. Até lá, o apelo é à paciência: “O momento certo será anunciado e todos terão acesso à informação oficial” – concluiu.

O risco da desinformação digital

O episódio que envolve o Anamola não é isolado. Em vários países africanos, a desinformação digital tem sido usada como ferramenta para manipular processos políticos. No Quénia, durante as eleições de 2017 e 2022, circularam links falsos e páginas clonadas de partidos e candidatos, levando milhares de cidadãos a fornecerem dados pessoais sem qualquer garantia de segurança. Na Nigéria, em 2019, várias páginas fraudulentas pediam contribuições financeiras “para campanhas oficiais”, mas o dinheiro nunca chegava aos partidos.

Estes casos mostram como as redes sociais podem ser tanto uma oportunidade quanto uma vulnerabilidade para novas forças políticas. Portanto, para analistas, a transparência e o controlo directo da comunicação oficial serão determinantes para que o Anamola se afirme sem perder credibilidade, logo nos primeiros passos.

Autor

  • Luís de Figueiredo é editor do Jornal Txopela desde 2017. Jornalista com sólida experiência em reportagem política, económica e social, tem estado na linha da frente da cobertura de temas relevantes para Moçambique, com especial atenção à região centro e à província da Zambézia.


Discover more from Jornal Txopela

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

📢 Anuncie no Jornal Txopela!

Chegue mais longe com a sua marca.
Temos espaços disponíveis para publicidade no nosso site.

Alcance milhares de leitores em Moçambique e no mundo.

Saiba mais e reserve já
Luis de Figueiredo
Luis de Figueiredohttps://www.txopela.com
Luís de Figueiredo é editor do Jornal Txopela desde 2017. Jornalista com sólida experiência em reportagem política, económica e social, tem estado na linha da frente da cobertura de temas relevantes para Moçambique, com especial atenção à região centro e à província da Zambézia.
0 0 votes
Article Rating
Subscribe
Notify of
guest

0 Comentários
Oldest
Newest Most Voted
Inline Feedbacks
View all comments

Partilhar publicação:

Subscrever

PUB

spot_imgspot_imgspot_imgspot_img

Últimas

Relacionados
Relacionados

O vazio deixado por Dominguez e a goleada que expôs fragilidades

A goleada sofrida pelos Mambas, na sexta-feira, diante do...

Moza Banco reconhece empresas que “fazem acontecer” e reforça o impulso à economia nacional

Num gesto que combina reconhecimento e incentivo à inovação,...

BCI vai acolher Fórum de Negócios Moçambique-Itália com foco no agronegócio

O Banco Comercial e de Investimentos (BCI) será o...

Advocacia em alerta: OAM celebra 31 anos e se posiciona sobre Leis da Comunicação Social

A Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM) completa, no...

Para obter conteúdo completo, assine os serviços entrando em contato com a área comercial do Jornal Txopela - [email protected]
Todos os conteúdos do Jornal Txopela são protegidos por direitos autorais sob a legislação moçambicana.

0
Would love your thoughts, please comment.x
Verified by MonsterInsights