O líder do recém-criado partido Anamola, Venâncio Mondlane, veio a público esta terça-feira, para desmontar informações que circulam nas redes sociais sobre supostos links de inscrição de novos membros. Segundo o político, não existe, até ao momento, nenhum procedimento formal para adesão à nova formação política.
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Mondlane reagia às várias publicações digitais que prometem acesso directo ao partido através de formulários online. “Quero ser claro: esses links são todos falsos. O partido ainda não abriu o processo de registo. Nós próprios, em tempo oportuno, iremos anunciar oficialmente o mecanismo de adesão” – afirmou.
O dirigente explicou ainda que, quando o processo for lançado, será feita uma apresentação pública, possivelmente através de uma transmissão ao vivo nas plataformas digitais, para orientar os interessados. “Claro que vamos usar tecnologia para simplificar o processo, mas faremos de forma didática, explicando passo a passo. Até lá, tudo o que aparece a circular deve ser tratado como fraude” – reforçou.
Um partido em construção
A intervenção de Mondlane surge num momento em que o Anamola tenta consolidar a sua identidade política após o anúncio da sua criação em Julho e a sua aprovação pelo Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, esta semana. O partido ainda não formalizou estruturas de base nem abriu oficialmente a filiação de simpatizantes, mas já desperta curiosidade e expectativa no eleitorado.
Analistas políticos sublinham que o fenómeno das falsas inscrições pode ser um reflexo da ansiedade que norteia a entrada de Mondlane no tabuleiro político nacional, depois de ter deixado marcas como deputado e dirigente da RENAMO. Ao mesmo tempo, evidencia os riscos da desinformação no espaço digital, sobretudo num contexto em que novas forças políticas procuram ganhar visibilidade.
Comparações com outras formações políticas
O lançamento do Anamola contrasta com experiências recentes de outros partidos em Moçambique. Quando a Nova Democracia (ND) foi criada em 2003, por exemplo, o processo de adesão foi imediato e físico: os simpatizantes eram incentivados a preencher fichas de membro em encontros locais, sem recorrer a plataformas digitais.
Mais recentemente, em 2014, o MDM (Movimento Democrático de Moçambique), fundado por Daviz Simango, enfrentou situação semelhante de forte procura inicial. A adesão era feita sobretudo em comícios populares, o que gerava longas filas de interessados em várias cidades do país. O uso de tecnologia ainda não era central, mas a afluência espontânea ajudou o partido a consolidar rapidamente a sua base social.
Já o PARENA, no início da década de 1990, apostou num registo manual descentralizado, mas enfrentou enormes dificuldades de coordenação, o que fragilizou a sua implantação e contribuiu para a rápida perda de relevância no cenário político nacional.
Ao optar por um modelo de inscrição digital e controlado, o Anamola procura diferenciar-se, alinhando-se a práticas modernas que têm sido usadas em países vizinhos, como na África do Sul, onde partidos como a DA e o EFF disponibilizam plataformas de adesão online. A diferença é que Mondlane quer garantir, primeiro, a fiabilidade do sistema antes de abrir as portas à massa de simpatizantes.
Com este esclarecimento, Mondlane procura não apenas evitar que simpatizantes sejam vítimas de golpes digitais, mas também manter o controlo narrativo sobre o processo de implantação do Anamola. O partido enfrenta o desafio de estruturar-se em pouco tempo, conquistar bases de apoio e afirmar-se como alternativa credível, num cenário político dominado historicamente pela FRELIMO e RENAMO.
O discurso do líder deixa claro que a adesão será aberta em breve, com recurso à tecnologia, mas sob supervisão directa da direcção. Até lá, o apelo é à paciência: “O momento certo será anunciado e todos terão acesso à informação oficial” – concluiu.
O risco da desinformação digital
O episódio que envolve o Anamola não é isolado. Em vários países africanos, a desinformação digital tem sido usada como ferramenta para manipular processos políticos. No Quénia, durante as eleições de 2017 e 2022, circularam links falsos e páginas clonadas de partidos e candidatos, levando milhares de cidadãos a fornecerem dados pessoais sem qualquer garantia de segurança. Na Nigéria, em 2019, várias páginas fraudulentas pediam contribuições financeiras “para campanhas oficiais”, mas o dinheiro nunca chegava aos partidos.
Estes casos mostram como as redes sociais podem ser tanto uma oportunidade quanto uma vulnerabilidade para novas forças políticas. Portanto, para analistas, a transparência e o controlo directo da comunicação oficial serão determinantes para que o Anamola se afirme sem perder credibilidade, logo nos primeiros passos.
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