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Tráfico de esperança: como jovens moçambicanos acabaram escravizados na Ásia

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O desaparecimento de sete cidadãos moçambicanos em território asiático lança luz sobre uma rede transnacional de tráfico de seres humanos que continua a operar com alvos preferenciais: jovens vulneráveis das zonas centro e norte do país, aliciados por promessas de emprego no exterior.

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Segundo revelou hoje o porta-voz do Governo, Inocêncio Impissa, em conferência de imprensa em Maputo, uma pessoa está detida no âmbito das investigações sobre a deslocação de 23 moçambicanos para a República Democrática Popular do Laos, onde foram submetidos a condições de trabalho forçado. “Os nomes dos recrutadores nacionais já foram identificados. Um dos suspeitos encontra-se sob custódia para trabalhos investigativos adicionais”, afirmou Impissa.

A história começa na província de Sofala, no centro do país, onde os trabalhadores foram recrutados entre 2024 e 2025, sob falsas promessas de emprego seguro e legal. Acabaram em condições análogas à escravidão numa fábrica de papel denominada Xying Long Paper, num país com histórico controverso no respeito aos direitos laborais de migrantes.

As autoridades moçambicanas confirmam que os trabalhadores já não se encontram no local inicial, tendo-se dispersado em circunstâncias ainda pouco claras. “Dezasseis deles estão agora sob custódia policial no Laos. Sete permanecem desaparecidos, o que nos preocupa profundamente”, disse Impissa.

O Governo de Moçambique está a coordenar esforços com as autoridades do Laos para garantir proteção, repatriamento seguro e responsabilização dos envolvidos na rede criminosa.

O caso expõe falhas na vigilância de recrutamento de mão de obra para o estrangeiro, muitas vezes promovido através de redes sociais e contactos informais. Também levanta dúvidas sobre os mecanismos de verificação consular e de cooperação bilateral no acompanhamento de cidadãos no estrangeiro.

De acordo com organizações internacionais, o Sudeste Asiático tem sido um destino frequente de migração forçada africana, alimentada por desemprego, pobreza extrema e desinformação.

Fontes próximas ao Ministério dos Negócios Estrangeiros indicam que há intenção de reforçar a legislação contra tráfico humano e inspeções sobre agências de emprego não licenciadas. Porém, críticos alertam que medidas reativas não serão suficientes para travar um fenómeno complexo e enraizado.

Enquanto isso, 23 famílias moçambicanas vivem dias de incerteza. Para sete delas, o silêncio que chega do outro lado do mundo já é demasiado longo.

Autor

  • Luís de Figueiredo é editor do Jornal Txopela desde 2017. Jornalista com sólida experiência em reportagem política, económica e social, tem estado na linha da frente da cobertura de temas relevantes para Moçambique, com especial atenção à região centro e à província da Zambézia.


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Luis de Figueiredo
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Luís de Figueiredo é editor do Jornal Txopela desde 2017. Jornalista com sólida experiência em reportagem política, económica e social, tem estado na linha da frente da cobertura de temas relevantes para Moçambique, com especial atenção à região centro e à província da Zambézia.
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