Sintonize a Rádio Chuabo – 103.0 FM

Venâncio Mondlane e o Conselho de Estado: Vai tomar assento ou vai continuar de pé pela democracia?

Data:

No dia 24 de Junho de 2025, data próxima às comemorações dos 50 anos da Independência Nacional, a Presidência da República agendou a Primeira Reunião do Conselho de Estado. Entre os convidados está Venâncio António Bila Mondlane, o segundo candidato mais votado nas eleições presidenciais de 2024. Este convite, assinado pelo próprio Presidente da República, Daniel Francisco Chapo, levanta várias questões cruciais: Venâncio Mondlane vai, de facto, tomar assento como membro do Conselho de Estado? Ou continuará de pé, protestando contra um processo que considera viciado?

📢 Junte-se ao canal do Jornal Txopela no WhatsApp!

Receba notícias e alertas em primeira mão diretamente no seu telemóvel.

👉 Seguir Canal no WhatsApp

Constituição e legitimidade política

A Constituição da República, no seu artigo 164, é clara: o segundo candidato mais votado nas eleições presidenciais deve integrar o Conselho de Estado. Esta é uma norma que visa fortalecer o pluralismo, dar voz à oposição institucionalizada e reforçar a cultura democrática moçambicana. Porém, a realidade política está longe de ser simples.

Venâncio Mondlane não reconhece os resultados das eleições de 9 de Outubro de 2024, alegando fraude e irregularidades no processo. Diante disso, aceitar o assento no Conselho de Estado pode parecer contraditório. Mas, paradoxalmente, pode também ser uma estratégia política poderosa: estar dentro para questionar o sistema com legitimidade e visibilidade.

Chapo e a abertura institucional: real pluralismo ou formalismo político?

Ao enviar o convite, o Presidente Chapo demonstra, à primeira vista, uma vontade de diálogo e inclusão. Num contexto nacional marcado por desconfiança institucional e fracturas políticas profundas, a abertura ao segundo candidato mais votado — que recebeu mais de um milhão de votos — poderia representar um sinal de maturidade democrática.

Mas até que ponto esta iniciativa representa um real compromisso com o pluralismo político e não apenas um gesto formal para legitimar o funcionamento do Conselho de Estado? A resposta dependerá do que acontecer no dia 24 de Junho.

E se Venâncio recusar o assento?

Caso Venâncio Mondlane opte por não tomar assento no Conselho de Estado, o que isso representará? Uma oportunidade perdida para dialogar a partir de dentro? Ou uma reafirmação de que não se pode normalizar uma democracia com resultados contestados? Esta decisão terá implicações políticas e simbólicas profundas, tanto para os seus eleitores quanto para a credibilidade das instituições nacionais.

Ignorar ou rejeitar esse espaço pode, por um lado, reforçar a narrativa de exclusão e ilegitimidade, mas, por outro, também poderá ser usado pelo poder como argumento de intransigência da oposição.

Reflexão final: entre a cadeira e a causa

O país precisa de espaços de diálogo real e não apenas de formalismos políticos. A inclusão do segundo candidato mais votado no Conselho de Estado não deve ser um gesto decorativo. Deve ser um passo rumo à reconciliação institucional, à escuta activa da oposição e à construção de consensos mínimos para reformas políticas e eleitorais.

Neste sentido, a participação de Venâncio Mondlane — ou a sua ausência — terá peso simbólico. Independentemente da sua decisão, o essencial é que o povo moçambicano, especialmente os que acreditam na democracia, continuem a exigir coerência, respeito pela Constituição e verdade eleitoral.

Porque a cadeira no Conselho de Estado vale, sim — mas apenas se puder servir a causa maior: a da Democracia.

 


Discover more from Jornal Txopela

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

📢 Anuncie no Jornal Txopela!

Chegue mais longe com a sua marca.
Temos espaços disponíveis para publicidade no nosso site.

Alcance milhares de leitores em Moçambique e no mundo.

Saiba mais e reserve já
John Chekwa
John Chekwahttps://www.txopela.com
  John Chekwa Mediador Social e Jornalista John Chekwa é um distinto cidadão moçambicano, cuja acção se tem evidenciado nos domínios da mediação social e do jornalismo, áreas em que exerce com zelo, aprumo e elevado sentido de missão. Na sua actividade como jornalista, pauta-se por uma conduta ética irrepreensível, tendo como norte o serviço à verdade e o bem comum. No seio do Jornal Txopela, presta o seu concurso através de escritos que abordam com acuidade as questões da justiça, da governação local e dos direitos do cidadão. Dotado de rara sensibilidade social e firme apego aos princípios da paz e da dignidade humana, John Chekwa é um exemplo de dedicação e entrega à causa pública, servindo o jornalismo e a mediação como instrumentos de edificação de uma sociedade mais esclarecida e fraterna.
0 0 votes
Article Rating
Subscribe
Notify of
guest

0 Comentários
Oldest
Newest Most Voted
Inline Feedbacks
View all comments

Partilhar publicação:

Subscrever

PUB

spot_imgspot_imgspot_imgspot_img

Últimas

Relacionados
Relacionados

O vazio deixado por Dominguez e a goleada que expôs fragilidades

A goleada sofrida pelos Mambas, na sexta-feira, diante do...

Moza Banco reconhece empresas que “fazem acontecer” e reforça o impulso à economia nacional

Num gesto que combina reconhecimento e incentivo à inovação,...

BCI vai acolher Fórum de Negócios Moçambique-Itália com foco no agronegócio

O Banco Comercial e de Investimentos (BCI) será o...

Advocacia em alerta: OAM celebra 31 anos e se posiciona sobre Leis da Comunicação Social

A Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM) completa, no...

Para obter conteúdo completo, assine os serviços entrando em contato com a área comercial do Jornal Txopela - [email protected]
Todos os conteúdos do Jornal Txopela são protegidos por direitos autorais sob a legislação moçambicana.

0
Would love your thoughts, please comment.x
Verified by MonsterInsights