Em semana marcada por discretos mas significativos movimentos diplomáticos, o Ministro das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, Fernando Rafael, abriu frentes de diálogo com dois parceiros estratégicos: a Cooperação Suíça e a Embaixada da República Democrática de Timor-Leste.
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As audiências, realizadas quarta-feira (18), inscrevem-se num esforço mais amplo de diplomacia sectorial, por via do qual o Executivo tenta consolidar alianças técnicas e financeiras para enfrentar os velhos gargalos que emperram o acesso universal à água potável, ao saneamento digno e à habitação condigna.
Com a Suíça, cuja presença em Moçambique soma mais de três décadas, o encontro decorreu com Ilaria Dali, Encarregada de Negócios e Chefe da Cooperação. Reafirmou-se ali o compromisso de continuar a investir no reforço institucional, na construção de infraestruturas em zonas rurais e na manutenção de plataformas críticas como o Sistema Nacional de Informação de Água e Saneamento – uma das poucas ferramentas que, apesar das fragilidades, ainda permite planear com base em dados.
O diálogo incidiu igualmente sobre a actual Fase III do programa “Governação Transparente para Água, Saneamento e Saúde” (2022–2026), cuja intervenção está concentrada no norte do país – zona marcada pela precariedade dos serviços e, paradoxalmente, pela abundância de água não aproveitada. O modelo suíço aposta numa abordagem integrada de WASH e na participação cidadã, numa tentativa de reforçar accountability e apropriação comunitária.
Já com o Embaixador timorense Luís Miguel Sequeira, Fernando Rafael explorou possibilidades de cooperação técnica, com destaque para o intercâmbio de experiências na construção de barragens, sistemas descentralizados de abastecimento de água e políticas públicas de habitação. Timor-Leste, um país com desafios semelhantes no campo da gestão territorial e desenvolvimento infraestrutural, poderá representar um parceiro de aprendizagem horizontal.
Fontes próximas às negociações indicam que os encontros não foram meramente protocolares: há, do lado moçambicano, urgência em desatar os nós que impedem a materialização de metas inseridas na Estratégia Nacional de Desenvolvimento (ENDE) e no novo Plano Quinquenal do Governo (PQG 2025–2029), num contexto em que o discurso sobre resultados tem ganho centralidade nas narrativas públicas da actual liderança governativa.
Apesar das boas intenções, a execução dos projectos de água e saneamento continua marcada por atrasos, dispersão de esforços, baixa absorção de fundos e deficiente articulação interinstitucional. Analistas ouvidos pelo Savana sublinham que sem reforma estrutural e sem mecanismos de coordenação robustos, os compromissos firmados com parceiros internacionais podem redundar em mais um ciclo de promessas não cumpridas.
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