O Auditório do Banco Comercial e de Investimentos (BCI), em Maputo, acolheu recentemente um debate público sobre os Desafios da Educação Inclusiva, Justa e de Qualidade em Moçambique, reunindo representantes do Fórum das Associações Moçambicanas de Pessoas com Deficiência (FAMOD), educadores, especialistas, instituições de ensino superior, agências das Nações Unidas, sector público, privado e sociedade civil.
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O encontro, realizado no contexto do Dia da Criança, procurou colocar na agenda pública a discussão sobre o futuro educativo das crianças moçambicanas, com particular atenção àquelas que enfrentam barreiras de acesso à educação. No centro das preocupações esteve a necessidade de garantir políticas e práticas efectivas que assegurem o direito à educação para todos.
Barreiras ainda persistem
Dividido em dois painéis, o debate expôs com clareza os principais obstáculos que comprometem a implementação da educação inclusiva no país. No primeiro painel — Desafios da Educação Inclusiva em Moçambique — destacou-se a ausência de infraestruturas adaptadas em várias escolas, sobretudo nas zonas rurais, onde turmas inclusivas funcionam muitas vezes sem os requisitos mínimos de acessibilidade física e pedagógica.
O segundo painel, dedicado à Formação de Professores no INFP: Currículo de Língua de Sinais, centrou-se na lacuna existente na formação de docentes. A carência de professores capacitados para o ensino inclusivo, aliada à escassez de materiais didácticos adaptados, constitui uma das principais fragilidades do sistema.
“A inclusão tem de ser prática, não apenas discurso”
Durante a sua intervenção, o Presidente do FAMOD, Zeca Chaúque, alertou para a necessidade de transformar o ideal da inclusão numa realidade quotidiana: “A inclusão não pode ser apenas um ideal a ser almejado, mas uma prática vigente, que se reflecte diariamente no ambiente escolar, no desenvolvimento pessoal e na cidadania plena dessas crianças”, afirmou.
Chaúque sublinhou ainda que “a capacitação de docentes, especialmente para o ensino com recurso à Língua de Sinais, é imperativa para transformar o panorama actual das turmas inclusivas”, apontando a formação como eixo central de qualquer estratégia sustentável.
Sector privado quer ter papel activo
Em representação do BCI, anfitrião do evento, o Director Central da Direcção de Sustentabilidade, José Gamito, reafirmou o compromisso da instituição em colaborar com o sector educativo: “O BCI reafirma e reforça o seu compromisso no apoio ao sector da educação, colaborando para a discussão e análise de soluções que possam melhorar as condições de ensino, com destaque para o ensino especial”, declarou.
Gamito destacou ainda iniciativas recentes do banco, como a doação de mobiliário e equipamento informático à Associação dos Deficientes, sublinhando o papel que o sector privado pode assumir na superação dos constrangimentos estruturais. “A alegria e o entusiasmo dos professores, alunos e funcionários motivam-nos a prosseguir neste caminho”, acrescentou.
Caminho ainda longo
O debate público no BCI representou mais um esforço para mobilizar diversos sectores da sociedade moçambicana em torno da urgência de uma educação verdadeiramente inclusiva. Contudo, como ficou patente nas várias intervenções, o país continua a enfrentar desafios significativos, exigindo medidas concretas e investimentos robustos tanto em infraestruturas como na capacitação do capital humano.
Enquanto isso, centenas de crianças moçambicanas com necessidades especiais continuam a depender da vontade política e do compromisso efectivo das instituições para garantir o seu direito constitucional à educação.
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