Numa altura em que o país vive uma tensão política latente, agravada por detenções, repressão policial e crescente descontentamento popular, o Presidente da República, Daniel Chapo, reuniu-se esta terça-feira com o ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane. O encontro teve como pano de fundo o diálogo político inclusivo, anunciado em Março como ferramenta de pacificação, mas cuja materialização ainda enfrenta entraves no terreno.
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A audiência, descrita como cordial e institucional, serviu para rever o grau de cumprimento dos consensos alcançados a 23 de Março. Em declarações públicas, Chapo defendeu que o diálogo com todos os sectores da sociedade moçambicana é essencial para garantir estabilidade e segurança:
“A paz e a reconciliação só se alcançam através do diálogo. Só há desenvolvimento quando há segurança, e só há segurança quando ouvimos todos”, declarou o Chefe do Estado.
O encontro foi também palco de cobranças. Venâncio Mondlane, que tem assumido um papel de oposição activa e articulada após as eleições contestadas de 2024, reiterou preocupações com o que considera ser perseguição e repressão sistemática dos seus simpatizantes e cidadãos manifestantes.
“Há pessoas presas desde as manifestações, sem julgamento. É urgente viabilizar uma Lei de Amnistia. É preciso definir prazos e medidas claras para resolver isso”, declarou Mondlane, acrescentando ter entregue um relatório à Procuradoria-Geral da República com evidências de violência e abusos cometidos após o famoso aperto de mãos de Março.
O encontro produziu entendimento sobre seis pontos-chave, que incluem:
- Eliminação de focos de violência entre simpatizantes do Governo e do movimento VM7;
- Aprovação de uma Lei de Amnistia para detidos no contexto das manifestações;
- Assistência médica gratuita às vítimas de violência política;
- Apoio a iniciativas juvenis nos bairros;
- Replicação dos consensos nas províncias e distritos;
- Estabelecimento de mecanismos de monitoria conjunta da implementação dos acordos.
Mondlane alertou para a urgência da acção: “O que está em causa é o bem-estar da população, não meras trocas de palavras entre figuras políticas. Se não houver acompanhamento, tudo morre em papel.”
Por seu turno, Daniel Chapo reafirmou a continuidade do processo de escuta e inclusão:
“Vamos continuar a dialogar com todos os moçambicanos. A paz é um processo contínuo que precisa de todos.”
A iniciativa da Presidência insere-se na estratégia de manter o país politicamente funcional e projectar uma imagem de estabilidade, sobretudo num contexto internacional cada vez mais atento aos indicadores de governação democrática e direitos humanos.
No entanto, subsiste um sentimento generalizado, sobretudo nas camadas jovens e periféricas, de que as boas intenções anunciadas em Maputo demoram a surtir efeito nos bairros onde as cicatrizes da repressão ainda estão abertas.
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