Maputo acolheu esta segunda-feira o segundo “Diálogo Climático”, centrado no empoderamento feminino no sector das energias renováveis.
Reunindo membros do governo, operadores privados, organizações da sociedade civil e parceiros internacionais, o evento — que decorreu sob o lema “Mulheres na energia: As energias renováveis como novas oportunidades para raparigas e mulheres” — procurou lançar as bases para uma presença mais activa e qualificada da mulher moçambicana no complexo xadrez da transição energética.
A iniciativa surge à luz da Estratégia de Transição Energética (ETE), anunciada por Moçambique na COP28, em Dubai, que traça a ambiciosa meta de garantir “Energia para Todos”. Com isso, Maputo pretende não só diversificar o seu mix energético com fontes renováveis, mas também criar espaço para novas dinâmicas económicas, sociais e de qualificação profissional. Nesta equação, o protagonismo das mulheres não é um luxo retórico — é uma urgência política.
Ronald Muench, Embaixador da República Federal da Alemanha, país anfitrião da iniciativa, destacou a relevância de investir em Educação e Formação Técnico-Profissional para mulheres e raparigas, especialmente em áreas ainda dominadas por homens, como é o caso das tecnologias verdes. Segundo Muench, “a transição energética só será justa se for inclusiva”, vincando que o apoio alemão, canalizado por vias como a Iniciativa Equipa Europeia (TEI) e o programa E-Youth, continuará a privilegiar a formação de quadros femininos no sector.
O encontro decorre em paralelo com a 4ª edição da RENMOZ – Conferência Empresarial de Energias Renováveis, organizada pela Associação Moçambicana de Energias Renováveis (AMER) e a sua congénere lusófona (ALER), com o apoio técnico e financeiro de instituições como o GET.invest, a Embaixada da Suécia e o Africa Enterprise Challenge Fund.
Para os promotores, a coincidência de agendas não é casual. Ao contrário, revela o desenho de uma arquitectura estratégica em que os diversos actores – do Estado às empresas, das ONGs à cooperação internacional – jogam do mesmo lado: o da sustentabilidade com rosto humano.
A organização Mozambique Women of Energy (MWE), uma das entidades parceiras do evento, sublinhou que colocar as mulheres no centro da agenda energética não é apenas corrigir desigualdades históricas. É também — e sobretudo — reconhecer o potencial transformador de uma metade da população que, até agora, tem sido espectadora de um processo onde deveria ser protagonista.
Com discursos afinados, painéis compostos por especialistas e uma plateia diversificada, o Diálogo Climático de Maputo reiterou que, sem mulheres, não haverá energia limpa, nem desenvolvimento justo.
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