O Clube de Leitura de Quelimane retoma esta segunda-feira (21) as suas actividades alusivas à Semana do Livro, com uma jornada intensa de promoção da leitura, valorização da produção literária local e incentivo ao pensamento crítico, num ambiente onde a cultura procura resistir ao apagamento simbólico.
Após a pausa do domingo, os organizadores voltaram ao terreno com uma exposição e venda permanente de livros, patente das 08h30 às 16h00, numa acção que visa democratizar o acesso à literatura num país onde os livros continuam a ser um luxo para muitos e um instrumento de resistência para poucos.
Pelas 09h00, decorre a final do Concurso de Leitura Josina Costa Viegas, um certame que envolve dez finalistas e elegera os seis leitores mais destacados, num gesto simbólico de estímulo à juventude e à construção de uma cidadania crítica, através do domínio da palavra escrita.
Às 10h30, no átrio da Rádio Chuabo FM, tera lugar a conversa pública “A Importância da Leitura nos Dias de Hoje”, moderada pela poeta Pré-Destinada e com intervenções de Bruno Areno, Dr. Jorge Fernandes, Jenny Alfred e Maciamuno. O debate procura problematizar os desafios contemporâneos da leitura num contexto marcado pela aceleração digital e pela erosão dos espaços públicos de reflexão.
Em paralelo, o Centro de Língua Portuguesa – Instituto Camões, da Universidade Licungo, será palco de dois lançamentos literários em simultâneo: a obra “Eu, o silêncio e a poesia”, da autoria da própria moderadora Pré-Destinada, apresentada pelo escritor Manuel Afonso, e “Do signo Apático”, do poeta Mbepozine Macheche, apresentado pelo académico Professor Doutor Enisio Cuamba.
Ambos os livros mergulham nas inquietações do sujeito pós-independente moçambicano, explorando angústias, silêncios e frustrações com uma linguagem carregada de metáforas e combatividade estética.
A entrada para todas as actividades manteve-se gratuita, numa tentativa de abrir o espaço literário a um público mais vasto e diversificado, contrariando a lógica elitista que por vezes impermeabiliza a cultura às grandes massas.
Em tempos de desinvestimento público na cultura e de uma juventude em busca de referências, o Clube de Leitura de Quelimane insiste em colocar os livros no centro da vida comunitária como arma, refúgio e possibilidade.
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