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Carta aberta ao cidadão Daniel Francisco Chapo

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Prezado Cidadão, dr. Daniel Francisco Chapo, imagino que possa estar espantado com alguém que a si se dirige na qualidade de cidadão. Efectivamente, desde Maio passado que as suas designações foram exponencialmente crescendo: Secretário-Geral, Presidente da República, Chefe de Estado, Comandante-em-Chefe das Forças Armadas, mais alto magistrado da Nação, Presidente do Partido, Presidente da ACCLN, e por aí vai. Em todo esse cenário não deixo de pensar no seu lado humano, no seu lado de cidadão; ou não teria eu tido a oportunidade de conhecê-lo como tal nos nossos anos de Tangará, Self e espaços associados.
Acho que como cidadão está de parabéns pelo facto de as suas qualidades terem levado a que seus pares no Partido pensassem em si como a melhor escolha para participar das eleições presidenciais. Não terá sido certamente sem mérito algum pois a sua trajectória é por demais conhecida. E o mérito atribuído à sua nova função deriva, principalmente, do conjunto enorme de responsabilidades que a mesma acarreta. E aí, caro cidadão, inicia uma caravana de boas notícias, e outras nem tanto.
Como é de praxe devemos começar pelas boas notícias. Há um grande número de preocupações que sairão do horizonte do dr. Chapo. Não tem mais que se preocupar, por exemplo, com o pagamento da renda de casa. Ser-lhe-á proporcionada uma habitação condigna onde poderá viver junto de sua família. Isso se aplica para todas as outras mundanas necessidades que apoquentam os comuns cidadãos: combustível, credelec, rancho, escola das crianças (com respectivo material), férias, etc. Existe uma provisão para que o Estado proporcione ao seu Chefe todas essas condições, de modo a que ele se possa concentrar no posicionamento e no devir estratégico da Nação.
Então onde se situam as “coisas não tão boas”? Acontece, caro cidadão, que o senhor já “não goza” de certas prerrogativas que a regular cidadania oferece. Com muita tristeza, caro cidadão, tenho a informá-lo que o senhor JÁ NÃO PODE “indignar-se” com um facto ocorrido na nossa sociedade. O senhor JÁ NÃO PODE “repudiar” um atentado ocorrido numa qualquer urbe com uma única saída. Infelizmente já NÃO CABE A SI “denunciar” uma alegada existência de discursos de ódio. Infelizmente, caro cidadão, essas são prerrogativas que já não se lhe aplicam.
As novas funções que ocupa emanam um poder concreto e tangível que esvaziam toda a capacidade de espanto que os comuns cidadãos (esses sim) vez e outra manifestam. Todos os títulos que agora cobrem a sua pessoa como uma instituição do Estado e da Nação, não se compadecem com uma postura similar a de um simples cidadão.
No caso concreto do baleamento de um cidadão por indivíduos até aqui desconhecidos, infelizmente (repito infelizmente), o puro e solitário “repúdio” não tem espaço. Ou o Comandante-em-Chefe das Forças de Defesa e Segurança manifesta a sua repulsa pelo ocorrido e, acto contínuo, informa os cidadãos o prazo no qual os responsáveis serão identificados; ou assume como Presidente da República que dentro do seu território existem homens a agirem ilegalmente sobre os quais não tem um controlo efectivo.
Infelizmente, mais uma vez, não existe um meio termo perante uma situação tão flagrante como esta. Se não há coragem para desistir, tem que haver coragem para prosseguir caro cidadão. Ficar no meio, declarar intenções, e juntar as suas lágrimas às do Povo não é uma opção. Infelizmente.
Generation for the Nation
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Kudumba Root

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  • Jornal Txopela

    O Jornal Txopela é um dos principais órgãos de comunicação social independentes da província da Zambézia, em Moçambique. Fundado com o propósito de oferecer um jornalismo crítico e de investigação, o Txopela destaca-se pela sua abordagem incisiva na cobertura de temas políticos, sociais e económicos, dando voz às comunidades e promovendo o debate público.


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