Acho que como cidadão está de parabéns pelo facto de as suas qualidades terem levado a que seus pares no Partido pensassem em si como a melhor escolha para participar das eleições presidenciais. Não terá sido certamente sem mérito algum pois a sua trajectória é por demais conhecida. E o mérito atribuído à sua nova função deriva, principalmente, do conjunto enorme de responsabilidades que a mesma acarreta. E aí, caro cidadão, inicia uma caravana de boas notícias, e outras nem tanto.
Como é de praxe devemos começar pelas boas notícias. Há um grande número de preocupações que sairão do horizonte do dr. Chapo. Não tem mais que se preocupar, por exemplo, com o pagamento da renda de casa. Ser-lhe-á proporcionada uma habitação condigna onde poderá viver junto de sua família. Isso se aplica para todas as outras mundanas necessidades que apoquentam os comuns cidadãos: combustível, credelec, rancho, escola das crianças (com respectivo material), férias, etc. Existe uma provisão para que o Estado proporcione ao seu Chefe todas essas condições, de modo a que ele se possa concentrar no posicionamento e no devir estratégico da Nação.
Então onde se situam as “coisas não tão boas”? Acontece, caro cidadão, que o senhor já “não goza” de certas prerrogativas que a regular cidadania oferece. Com muita tristeza, caro cidadão, tenho a informá-lo que o senhor JÁ NÃO PODE “indignar-se” com um facto ocorrido na nossa sociedade. O senhor JÁ NÃO PODE “repudiar” um atentado ocorrido numa qualquer urbe com uma única saída. Infelizmente já NÃO CABE A SI “denunciar” uma alegada existência de discursos de ódio. Infelizmente, caro cidadão, essas são prerrogativas que já não se lhe aplicam.
As novas funções que ocupa emanam um poder concreto e tangível que esvaziam toda a capacidade de espanto que os comuns cidadãos (esses sim) vez e outra manifestam. Todos os títulos que agora cobrem a sua pessoa como uma instituição do Estado e da Nação, não se compadecem com uma postura similar a de um simples cidadão.
No caso concreto do baleamento de um cidadão por indivíduos até aqui desconhecidos, infelizmente (repito infelizmente), o puro e solitário “repúdio” não tem espaço. Ou o Comandante-em-Chefe das Forças de Defesa e Segurança manifesta a sua repulsa pelo ocorrido e, acto contínuo, informa os cidadãos o prazo no qual os responsáveis serão identificados; ou assume como Presidente da República que dentro do seu território existem homens a agirem ilegalmente sobre os quais não tem um controlo efectivo.
Infelizmente, mais uma vez, não existe um meio termo perante uma situação tão flagrante como esta. Se não há coragem para desistir, tem que haver coragem para prosseguir caro cidadão. Ficar no meio, declarar intenções, e juntar as suas lágrimas às do Povo não é uma opção. Infelizmente.
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