A Presidente da Assembleia da República, Margarida Adamugi Talapa, procedeu esta terça-feira, 15 de Abril, à entrega simbólica de um cheque no valor de 1.300.000,00 meticais ao Instituto Nacional de Gestão de Desastres (INGD). O montante resulta da contribuição dos 250 deputados da Assembleia da República, equivalente a um dia de salário, para apoiar as vítimas do Ciclone Tropical Jude, que recentemente assolou várias províncias do país.
O gesto, anunciado com pompa na sede do Parlamento, em Maputo, ocorre num momento em que mais de 302 mil pessoas enfrentam os efeitos da destruição provocada pelo ciclone, com prejuízos materiais que vão desde a destruição de habitações, machambas, infraestruturas escolares, hospitalares, vias de acesso e postes de energia.
A PAR, num discurso que enfatizou o carácter solidário da iniciativa parlamentar, encorajou o Governo e o próprio INGD a prosseguirem com os esforços de reconstrução. “A Assembleia da República mobilizou-se para prestar solidariedade às vítimas, o que resultou na contribuição dos Senhores Deputados, com um dia de salário”, declarou Talapa, dirigindo-se à Presidente do INGD, Luísa Celma Meque.
Para além do cheque, foi anunciada a entrega de mais de 10 toneladas de produtos diversos às autoridades de Cabo Delgado, já em distribuição às vítimas, e a previsão de entrega de 40 toneladas adicionais na Província de Nampula, prevista para esta quarta-feira, também oriundas da contribuição parlamentar.
Luísa Meque, por sua vez, agradeceu o gesto, considerando-o como um reforço às acções de resposta humanitária em curso. “O donativo será canalizado nos próximos dias para as famílias afectadas no distrito de Mossuril”, garantiu, sublinhando que “a recorrência e intensidade dos fenómenos climáticos extremos exigem acções contínuas e coordenadas”.
Contudo, persiste a crítica silenciosa de que os donativos simbólicos, como o agora anunciado, contrastam com a dimensão real da tragédia e com os recursos mobilizados para campanhas políticas, ou os luxos que ainda caracterizam a vida parlamentar. Um gesto solidário, sim, mas que expõe também a fragilidade de um sistema nacional de resposta a desastres naturais que depende, muitas vezes, da caridade dos próprios que legislam sobre o Orçamento do Estado.
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