A Polícia da República de Moçambique (PRM), voltou a ser parte de um acto que ofende o princípio republicano da neutralidade das instituições do Estado, neste sábado, em Quelimane, por volta das 15h30 na Avenida Eduardo Mondlane, duas caravanas se cruzaram, sendo uma da RENAMO, que marchava lado no sentido norte-sul e outra da FRELIMO, que se deslocava do lado este, sem qualquer informação prévia a autoridade municipal, confirmaram as autoridades da cidade ao Jornal Txopela.
O confronto não foi físico, mas a tensão emergiu da tentativa — segundo relatos fidedignos — de a PRM favorecer a marcha considerada ilegal da FRELIMO, instruindo a RENAMO a alterar a sua rota, previamente aprovada pelas autoridades. A tentativa, contudo, redundou em fracasso. A caravana da posição em Quelimane recusou-se a ceder o seu espaço legalmente garantido, num acto que não só denunciou a parcialidade da força policial como expôs, mais uma vez, o frágil compromisso com a legalidade institucional que assombra a administração pública em certos quadrantes do país.
A cidade de Quelimane, tradicionalmente crítica e vigilante, tem sido palco frequente de situações semelhantes. Fontes ligadas ao município recordam que os organizadores de actividades públicas são obrigados, por norma, a notificar com antecedência os seus intentos, de modo a garantir a segurança e fluidez das acções no espaço urbano. A FRELIMO, porém, tem reiteradamente negligenciado este procedimento, uma prática que, para analistas, não pode mais ser atribuída ao acaso, mas sim a uma cultura de impunidade derivada da confusão entre partido e Estado.
“Não há neutralidade possível onde o poder ainda se confunde com privilégio”, comentou sob anonimato um jurista local. “A polícia tem de ser um instrumento da legalidade e não da conveniência política. Sempre que se desvia deste papel, ela trai a República.”
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