O Presidente da República, Daniel Chapo, inaugurou nesta sexta-feira (2) a nova Delegação do Instituto Nacional dos Transportes Rodoviários (INATRO), em Maputo. O edifício, imponente e moderno, com três pisos e uma área total de 10 mil metros quadrados, é apresentado como símbolo de um novo tempo na prestação de serviços públicos ligados ao sector rodoviário. Mas a inauguração acontece num momento em que os acidentes de viação sobem em número e gravidade, e o cidadão comum mantém a velha sensação de abandono e desordem nas estradas e balcões do Estado.
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Num discurso cuidadosamente calibrado, Daniel Chapo declarou que o novo edifício é reflexo de um “esforço colectivo na prestação de serviços públicos cada vez melhores e próximos ao cidadão moçambicano”. A afirmação surge perante um cenário em que o próprio Chefe de Estado admite o que os utentes do INATRO já conhecem bem, longas filas, processos obscuros, atendimento deficiente e uma burocracia que, por vezes, parece desenhada para humilhar.
“O sector tem conhecido profundas reformas”, disse o Presidente, referindo-se à criação do INATRO em 2021, na sequência da extinção do antigo INATTER. Mas logo reconheceu que a transformação estrutural ainda não chegou ao rosto do cidadão. “Preocupa-nos ainda o facto de continuarmos a ter significativa intervenção e influência humana nos processos”, afirmou, apontando para a digitalização como antídoto à corrupção enraizada e à morosidade que emperra os serviços.
A denúncia do Presidente vai ao encontro do que já se tornou senso comum por detrás de cada carta de condução obtida, por vezes, há mais esquemas que exames; por detrás de cada matrícula, há mais jeitos que justiça. A modernização de edifícios e equipamentos, por mais necessária que seja, pouco resolverá se os vícios forem simplesmente realojados nas instalações novas.
A cerimónia de inauguração teve também o peso sombrio dos números da tragédia rodoviária, em 2024, o país registou 687 acidentes de viação,um crescimento de 3% em relação a 2023 que resultaram em 825 mortos, mais 9% que no ano anterior. Só entre Janeiro e Março de 2025, seis acidentes de grande magnitude mataram 61 pessoas. O Chefe de Estado preocupado, lamentou os dados e revelou ter instruído o Sector dos Transportes a elaborar um novo Plano de Acção de Segurança Rodoviária.
Chapo tentou antecipar o cepticismo ao afirmar que “planos e reformas legais não bastam”. E, com razão, defendeu acções integradas e uma aposta firme na educação cívica e na fiscalização eficaz, sobretudo nas zonas críticas. O discurso, apesar de alinhado, não tocou nas estradas esburacadas do país.
O novo edifício do INATRO, agora funcional, inclui serviços integrados como exames de condução, captação de dados biométricos, emissão de cartas, matrículas e pagamento de multas. Uma centralização promissora, que pode reduzir a peregrinação dos utentes entre balcões espalhados pela cidade. “É nossa expectativa ver melhorias na resposta à demanda dos utentes”, declarou o Presidente.
No encerramento da cerimónia, Chapo apelou à preservação do edifício: “Este é um património construído pelos moçambicanos, através dos seus impostos, que deve servir aos moçambicanos por muitos anos”.
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