Num país onde boa parte da população continua à margem do sistema bancário formal, o Absa Bank Moçambique lançou uma campanha de literacia financeira, apostando nas rádios nacionais e comunitárias como canais privilegiados para disseminar conhecimento. A iniciativa, que recorrerá ao formato de radionovelas em 12 línguas nacionais, pretende, segundo o banco, capacitar os cidadãos para uma gestão financeira mais consciente e segura.
Em comunicado divulgado esta segunda-feira, 28 de Abril, o Absa garante estar comprometido com a construção de uma sociedade “financeiramente saudável e inclusiva”. O projecto visa, entre outros objectivos, estimular mudanças de comportamento, fomentar hábitos de poupança e divulgar oportunidades de acesso a serviços bancários básicos.
“Enquanto instituição financeira, aprimoramos mecanismos assertivos para melhorar o bem-estar económico das pessoas e do País”, afirmou Tânia Oliveira, directora de Marketing e Relações Públicas do banco, sublinhando que o acesso ao conhecimento financeiro é condição essencial para a autonomia dos cidadãos.
O recurso às rádios comunitárias, meios que continuam a ser a principal fonte de informação para a maioria da população moçambicana, surge como uma aposta estratégica do banco para penetrar em zonas rurais e periurbanas, onde o sistema financeiro tradicional pouco ou nada chega. Num contexto em que a exclusão financeira alimenta ciclos de pobreza e dependência, a iniciativa, se bem executada, pode contribuir para alterar um cenário de fragilidade crónica.
Contudo, a aposta do Absa também não escapa a leituras pragmáticas: para além da promoção da inclusão, a campanha representa uma janela para o fortalecimento da sua presença no mercado, num momento em que as instituições bancárias se deparam com o desafio de expandir a sua base de clientes num ambiente económico adverso.
Ao adaptar conteúdos à realidade linguística e cultural do país e recorrer a formatos populares como a radionovela, o banco adopta uma abordagem que reconhece as vivências locais. A dúvida que persiste é se esta acção será suficiente para inverter o quadro estrutural de baixa literacia financeira, ou se se limitará a mais uma operação de cosmética institucional num mar de boas intenções.
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