Sofala – O Governador da Província de Sofala, Lourenço Ferreira Bulha, e a Secretária de Estado, Cecília Chamutota, reuniram-se esta segunda-feira (21) com gestores das zonas de conservação e representantes da Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), com o objectivo de reflectir sobre os impactos crescentes do conflito entre comunidades humanas e fauna bravia nas zonas adjacentes às áreas de conservação.
Durante o encontro, que decorreu num clima de preocupação e apelo à acção concreta, o Governador Lourenço Bulha destacou a gravidade do cenário vivido em várias comunidades, onde 133 pessoas perderam a vida e 134 ficaram feridas, nos últimos quatro anos, em resultado directo de ataques de animais selvagens. O dirigente defendeu a necessidade de responsabilização por parte dos gestores das áreas de conservação pelas perdas humanas e materiais resultantes do conflito.
“A morte de cidadãos e a destruição dos seus meios de subsistência não podem ser tratadas como um efeito colateral inevitável. É urgente que se definam mecanismos de resposta e compensação, bem como acções preventivas eficazes”, afirmou Bulha, apontando os distritos de Muanza, Gorongosa e Nhamatanda como os mais afectados. Sublinhou ainda que entre 70% a 80% dos crimes julgados nestas zonas têm conexão com o conflito homem-fauna, muitas vezes relacionados com tentativas de defesa das populações ou caça retaliatória.
Por sua vez, a Secretária de Estado Cecília Chamutota frisou a necessidade de promover uma convivência saudável entre a fauna e as comunidades humanas, chamando atenção para os animais considerados mais problemáticos, com destaque para o elefante, hipopótamo, búfalo e crocodilo, cuja incidência é mais notória nos distritos de Chemba, Nhamatanda, Marromeu, Chibabava, Caia e Búzi.
“Precisamos de soluções integradas que combinem medidas de protecção, educação comunitária, compensações e estratégias de coexistência pacífica. O actual modelo está a mostrar sinais de exaustão”, referiu Chamutota, apelando a uma acção coordenada entre os órgãos do Estado, gestores das áreas protegidas e as comunidades locais.
A reunião surge num momento em que cresce a pressão sobre os ecossistemas protegidos, em resultado da expansão agrícola e da pressão populacional nas franjas das zonas de conservação. Especialistas têm alertado para a necessidade de rever os modelos de gestão das áreas protegidas, reforçar os corredores ecológicos e implementar tecnologias de alerta precoce e cercas inteligentes.
Embora o encontro não tenha produzido medidas concretas de imediato, fontes da ANAC indicam que um plano provincial de mitigação e resposta ao conflito homem-fauna está em elaboração, devendo incluir medidas de compensação, educação ambiental e financiamento de soluções tecnológicas comunitárias.
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