Num gesto diplomático carregado de simbolismo e estratégia, a fragata Luigi Rizzo, da Marinha Militar Italiana, atracou esta semana no Porto de Maputo, numa missão que marca os 50 anos de relações diplomáticas entre Moçambique e Itália e reforça o compromisso bilateral na área da segurança marítima.
A visita do navio de guerra, uma unidade da classe FREMM, ocorre no contexto da operação europeia EUNAVFOR Atalanta, conduzida pela União Europeia e com comando italiano, cuja missão é garantir a segurança das rotas comerciais no Oceano Índico e Corno de África, zonas fortemente marcadas por pirataria e tráfego ilegal.
Durante a permanência da fragata em águas moçambicanas, foram realizadas actividades conjuntas com a Marinha de Guerra de Moçambique e encontros com sectores da sociedade civil, sob coordenação da Embaixada da Itália em Maputo. Um dos pontos altos foi a assinatura, a 9 de Abril, de um novo programa de cooperação no domínio da defesa, que visa intensificar a formação, troca de experiências operacionais e iniciativas de combate ao crime marítimo.
“A visita da fragata Luigi Rizzo não é apenas de cortesia, é estratégica”, afirmou o adido militar italiano em Maputo, Coronel Franco Linzalone, realçando que os acordos rubricados “há muito que estavam em suspenso” e representam uma reactivação substancial da cooperação bilateral. O militar sublinhou ainda que a colaboração se alargará para além do domínio naval, englobando outras áreas sensíveis da defesa nacional.
Na conferência de imprensa a bordo da fragata, o Embaixador da Itália em Moçambique, Gabriele Annis, destacou que a presença da unidade militar é uma demonstração do “carinho, respeito e irmandade” entre os dois países. “Sempre nos apoiámos mutuamente. Esta é uma história de colaboração e de paz, de desenvolvimento sustentável e de crescimento económico”, afirmou o diplomata.
No final do encontro com a imprensa, foi realizada uma demonstração das operações conjuntas realizadas entre as duas marinhas, destacando a interoperabilidade entre os militares moçambicanos e italianos.
Lançada ao mar em 2017, a fragata Luigi Rizzo é descrita como uma “joia da engenharia naval italiana”, reunindo tecnologia de ponta com tradição marítima. Desempenha actualmente o papel de navio-capitânia da missão EUNAVFOR Atalanta e é a sexta de oito unidades da sua classe em operação na Marinha Italiana.
O reforço da cooperação marítima ocorre num momento em que Moçambique enfrenta desafios graves nas suas águas territoriais, desde o tráfico de drogas, ao contrabando de recursos pesqueiros, até ao uso de rotas marítimas por grupos armados no norte do país. A presença italiana, ainda que temporária, projecta-se como peça de um xadrez geoestratégico mais amplo, onde interesses de segurança, comércio e influência política se entrelaçam
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