Num contexto em que o crescimento económico de Moçambique exige soluções mais inclusivas e sustentáveis, a Gapi – Sociedade de Investimentos, voltou a colocar o foco sobre as Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPMEs), ao participar na terceira edição do evento “Smart Business”, realizado recentemente no Centro Cultural Moçambique–China, em Maputo.
Representada por Ramos da Silva Joaquim, a instituição financeira de desenvolvimento defendeu, com base na sua experiência de mais de três décadas, que a inclusão financeira das MPMEs constitui um dos pilares mais estratégicos para a dinamização da economia nacional. Através de um discurso centrado em resultados, o representante da Gapi destacou que as MPMEs são responsáveis por uma parte significativa da geração de emprego, inovação e estabilidade social em contextos de fragilidade.
No seu modelo de intervenção, a Gapi alia financiamento à capacitação. “O nosso modelo integrado inclui formação modular, mentoria, incubação e coaching, antes e depois do acesso ao crédito. Isto garante que o financiamento não seja apenas uma transferência de recursos, mas um instrumento de transformação”, frisou Ramos Joaquim.
A instituição tem operado numa lógica descentralizada, com presença física através de delegações, microbancos e parcerias com organizações como a AMOMIF – Associação Moçambicana dos Operadores de Microfinanças. Esta malha permite chegar a zonas remotas, onde o sistema financeiro tradicional tende a não chegar.
Um dos grandes entraves apontados foi o enquadramento regulatório. A imposição de normas internacionais como Basileia II e III, segundo a Gapi, tem limitado a capacidade das instituições não-sistémicas de operar com maior flexibilidade. Por isso, defende reformas orientadas para o contexto moçambicano e mais espaço para inovações como o sandbox regulatório, que permite testar soluções financeiras digitais num ambiente controlado.
O painel destacou ainda o papel emergente das fintechs, que vêm desenvolvendo soluções de gestão financeira, avaliação automatizada de risco e integração digital para empreendedores. No entanto, ainda falta um quadro legal robusto que proteja consumidores e incentive a confiança no crédito digital.
A presença da Gapi no evento reafirma uma visão de desenvolvimento centrada na inclusão. A sua actuação ultrapassa o financiamento: procura gerar condições sistémicas para que o pequeno empreendedor se torne resiliente e competitivo, mesmo em ambientes adversos.
O “Smart Business – III edição” revelou que não basta falar de crescimento económico em abstracto: é preciso olhar para quem produz, inova e emprega todos os dias, mesmo sem visibilidade. E, neste percurso, a Gapi posiciona-se como uma alavanca para transformar potencial em desenvolvimento sustentável.
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