Conselho Municipal da Beira envia recado político a quem pensa que Quelimane está só.
Quelimane – A indignação pelo atentado a Joel Amaral, mais conhecido no meio artístico e político como MC Trufafá, continua a estremer todo o país. Desta vez, foi o Conselho Municipal da Beira (CMB) quem quebrou o silêncio institucional, condenando “veementemente” o acto e exigindo que os responsáveis pela tentativa de assassinato sejam “entregues nas mãos da justiça”.
Num comunicado tornado público nesta segunda-feira, o município liderado por Albano Carige faz mais do que apenas estender palavras de conforto, envia um sinal claro de aliança política e humana com Quelimane e com o próprio Trufafá, que é funcionário do Conselho Municipal de Quelimane e conhecido por revolucionar a campanha eleitoral na Zambézia com música, dança e mobilização popular genuína.
A luz do dia foi testemunha de um crime hediondo que fere não apenas um cidadão, mas também o direito à expressão, à diferença e à participação política plural, lê-se nas entrelinhas do comunicado, onde a edilidade da Beira deixa escapar que não se trata apenas de um acto de violência aleatória, mas de algo mais profundo, que toca no nervo da democracia local.
“Deixamos tudo nas mãos de Deus”, escreveu o município no fecho do seu comunicado — uma frase que, para muitos, representa mais do que fé, é a confirmação de que nas mãos dos homens, neste momento, reina a incerteza e a impunidade.
Apesar do tom formal, o gesto da Beira é tudo menos neutro. Vem de uma cidade que, à semelhança de Quelimane, se habituou a remar contra a maré do poder central. A aliança informal entre as duas autarquias — ambas lideradas por forças da oposição — tem se traduzido não só em cooperação administrativa, mas também em resistência simbólica à tentativa de silenciar vozes fora da cartilha dominante.
Discover more from Jornal Txopela
Subscribe to get the latest posts sent to your email.