Num Domingo que deveria simbolizar paz e renovação espiritual, Quelimane foi sacudida pela brutalidade de um acto que rasga o véu da convivência política pacífica em Moçambique, Joel Amaral, conhecido por MC Trufafá, músico, activista e funcionário do Conselho Municipal da Cidade, foi baleado à luz do dia por desconhecidos, num atentado que está a levantar sérias questões sobre o real estado da democracia no país.
Manuel de Araújo, presidente do Conselho Municipal de Quelimane, rompeu o silêncio institucional e lançou duras criticas à narrativa do diálogo inclusivo, que tem sido promovida como bandeira do Estado moçambicano nos últimos anos.
“Hoje, domingo de ramos, fomos surpreendidos com a triste notícia de que o nosso colega, o nosso irmão Joel Amaral, foi baleado. Atingido por duas balas na cabeça. É um momento de profunda dor e, sobretudo, de profunda indignação”, declarou o edil, num tom emocionalmente carregado.
O autarca de Quelimane não se limitou à indignação. Para ele, o ataque contra Trufafá não é um incidente isolado, mas sim parte de um padrão sistemático que se vem intensificando desde as controversas eleições de 9 de Outubro de 2024, marcadas por denúncias de fraude, repressão e intimidação em várias partes do país.
“Desde esse dia, temos recebido informações alarmantes de vários distritos da província, com destaque para Morrumbala, Mopeia, Luabo, entre outros, onde concidadãos nossos estão a ser perseguidos, maltratados e até assassinados por indivíduos alegadamente pertencentes à Polícia e às Forças Armadas de Defesa de Moçambique”, denunciou.
O edil levanta assim o véu sobre uma escalada de repressão com contornos preocupantes, que ameaça transformar Moçambique num terreno fértil para a intolerância e para a aniquilação de qualquer dissidência, seja ela política, artística ou popular.
Discover more from Jornal Txopela
Subscribe to get the latest posts sent to your email.