O Instituto Nacional de Saúde (INS) divulgou, na manhã desta sexta-feira ultima, os principais resultados do Inquérito Nacional de Prevalência e Factores de Risco para Doenças Crónicas não Transmissíveis (InCRÓNICA – 2024). O inquérito teve como objetivo determinar a prevalência das Doenças Crónicas não Transmissíveis (DNT) na população com idades entre 18 e 69 anos, além de traçar as tendências de sua ocorrência em Moçambique.
A cerimónia, realizada na cidade de Maputo, foi presidida pelo Secretário Permanente do Ministério da Saúde, Ivan Manhiça, em representação do Ministro da Saúde. Durante o evento, Ivan Manhiça enfatizou a importância do InCRÓNICA como uma ferramenta essencial para orientar o processo de planificação e formulação de políticas públicas voltadas à prevenção e tratamento de doenças crónicas no país. “A nossa prioridade continua sendo o uso de evidências científicas nas decisões que afetam a saúde da população”, destacou Manhiça.
Eduardo Samo Gudo, Director-Geral do INS, também fez uso da palavra, salientando o propósito do inquérito, que além de monitorar as doenças crónicas, analisa também os seus factores de risco. Samo Gudo explicou que a ampliação da amostra no InCRÓNICA – 2024 conferiu maior robustez aos resultados obtidos. “Este inquérito foi enriquecido com novos módulos, incluindo temas como asma, cancro e saúde mental”, frisou.
A Investigadora Principal do Inquérito, Ana Olga Mocumbi, revelou que, embora as doenças infecciosas ainda representem a principal causa de morte no país, as doenças crónicas vêm ganhando espaço como causas de morte significativas, refletindo diretamente na demanda pelos serviços de saúde. Mocumbi destacou o aumento crescente dos factores de risco associados às DNT, como o consumo de álcool, sedentarismo, obesidade, hipertensão arterial, diabetes e hipercolesterolemia.
De acordo com a investigadora, o consumo de tabaco diminuiu significativamente, passando de 16,7% para 8,2% desde 2005, mas o consumo continua elevado, especialmente entre os homens, com frequentes episódios de consumo excessivo. “A redução do consumo de tabaco é positiva, mas a prevalência continua alta, especialmente no sexo masculino, sendo um problema ainda a ser enfrentado”, acrescentou Mocumbi.
O relatório também revelou que entre 2005 e 2024, houve um aumento significativo dos fatores de risco para doenças cardiovasculares. O sedentarismo, por exemplo, aumentou de 6,5% para 14,3%, sendo mais predominante entre as mulheres. Mocumbi sublinhou que os resultados destacam a necessidade urgente de promover hábitos saudáveis no dia a dia, como uma medida de prevenção das doenças crónicas.
Inácio Alvaranga, representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) em Moçambique, destacou a relevância dos resultados para o Sistema Nacional de Saúde, observando que esses dados vão contribuir para o fortalecimento das políticas públicas e a implementação de intervenções sanitárias adequadas. “Estamos comprometidos em continuar colaborando com o Governo de Moçambique, através do Ministério da Saúde e outros parceiros, para consolidar a resiliência do sistema de saúde”, afirmou Alvaranga.
Ashraf Hassanein, do Alto Comissariado do Canadá em Moçambique, enfatizou que os resultados fornecem uma base sólida para a compreensão da prevalência e dos fatores de risco das DNT no país. “Os dados do InCRÓNICA revelam tendências preocupantes, como o consumo excessivo de álcool e a obesidade, que exigem intervenções imediatas”, alertou Hassanein.
O InCRÓNICA foi financiado pelo Governo do Canadá, com um custo estimado de 1,6 milhão de dólares, e implementado pelo INS em parceria com o Ministério da Saúde, o Instituto Nacional de Estatística e a OMS.
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