Sintonize a Rádio Chuabo – 103.0 FM

Governo atira prejuízos da LAM para empresas públicas — e diz que “todos” devem pagar a factura

Data:

O Governo quer manter a LAM nas mãos do Estado, apesar da companhia acumular prejuízos bilionários e mostrar-se incapaz de sair do buraco onde tem estado enterrada há anos. A estratégia é injectar capital das mesmas empresas públicas que, em tese, deveriam estar focadas nas suas próprias áreas e não a tapar buracos de má gestão.

Na Assembleia da República, esta quarta-feira (09), o Ministro dos Transportes e Logística, João Jorge Matlombe, confirmou o plano: HCB, CFM e EMOSE — três das poucas empresas públicas ainda com alguma saúde financeira — foram convidadas a entrar no capital social da falida LAM, naquilo que é apresentado como “solução técnica”.

Segundo Matlombe, os prejuízos da transportadora aérea nacional ascendem a mais de 8 mil milhões de meticais entre 2021 e 2024. Só no último ano, a LAM perdeu cerca de 2,2 mil milhões de meticais — e mesmo assim o Executivo insiste na manutenção do controlo estatal, agora repartido com outras estatais. Um ciclo fechado, onde o Estado subsidia o Estado para continuar a falhar.

“A análise técnica recomendou manter a LAM pública”, disse Matlombe, ignorando que as mesmas análises vêm falhando há décadas. A proposta de parceria com um investidor privado estratégico foi descartada, embora pareça ser, para muitos analistas, a única via com alguma esperança de cortar com os vícios e a promiscuidade político-partidária instalada na empresa.

Como se não bastasse, o Ministro atirou a culpa para os utentes: “todos devem honrar o pagamento das passagens”, disse, como se a falência da LAM fosse responsabilidade dos passageiros, e não de décadas de má gestão, clientelismo e uso abusivo de voos sem compensação financeira, muitas vezes por parte de altos dirigentes do Estado.

“O Governo está empenhado em fazer melhor, com mais rigor”, prometeu o ministro, repetindo o mesmo refrão que sucessivos titulares da pasta têm entoado sem resultados. A novidade agora é que outras empresas públicas, como a Hidroeléctrica de Cahora Bassa, serão obrigadas a entrar no jogo — possivelmente, arrastando consigo os riscos de contaminação financeira.


Discover more from Jornal Txopela

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Jornal Txopela
Jornal Txopelahttps://txopela.com
O Jornal Txopela é um dos principais órgãos de comunicação social independentes da província da Zambézia, em Moçambique. Fundado com o propósito de oferecer um jornalismo crítico e de investigação, o Txopela destaca-se pela sua abordagem incisiva na cobertura de temas políticos, sociais e económicos, dando voz às comunidades e promovendo o debate público. O Txopela tem presença tanto na versão impressa quanto digital, alcançando leitores em todo o país e na diáspora moçambicana. A sua cobertura abrange desde a política local até temas internacionais, sempre com um olhar atento às dinâmicas que afetam a sociedade moçambicana.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.

Partilhar publicação:

Subscrever

PUB

spot_imgspot_imgspot_imgspot_img

Últimas

Relacionados
Relacionados

SOFALA: Lourenço Bulha quer mais camponeses de Mafambisse no sistema de Segurança Social

O governador  da  província de Sofala, Lourenço Ferreira Bulha,...

Milhares de crianças beneficiam de alimentação escolar em Nampula

Nos últimos cinco  anos,  mais  de 22 milhões de...

Baleado mas não quebrado, escreve Joel Amaral (MC-Trufafã)

Amado Povo de Deus; Distintos Profissionais de Saúde do Hospital...

Morte do Papa Francisco: Conclave vai eleger novo pontífice nos próximos dias

O Vaticano vive dias de luto  e  preparação  após ...