O Presidente da República, Daniel Chapo, desembarcou ontem em Nampula para a sua primeira visita oficial à província desde que tomou posse. Com um discurso recheado de apelos à unidade, trabalho e independência económica, o Chefe de Estado procurou reforçar a imagem de uma governação participativa. Mas, no terreno, a realidade continua distante das promessas feitas no palanque.
Chapo afirmou que a missão do seu governo é “trabalhar junto do povo” e melhorar as condições de vida dos moçambicanos. Palavras bonitas que já se tornaram norma nos discursos presidenciais, mas que, para muitos, são meras fórmulas gastas sem impacto real.
A visita surge num contexto de elevada tensão política e descontentamento popular, sobretudo após as eleições gerais de Outubro de 2024, marcadas por irregularidades e protestos. No comício, o Presidente abordou o Compromisso Político para um Diálogo Nacional Inclusivo, assinado entre o governo e os partidos políticos, apresentando-o como um instrumento fundamental para garantir a estabilidade. Conquanto, a legitimidade deste acordo tem sido questionada, dado que beneficia directamente os signatários, garantindo-lhes financiamentos milionários à custa do erário público.
Outro ponto abordado foi a necessidade de Moçambique reduzir a dependência alimentar externa e apostar na produção interna. No terreno a realidade mostra que os camponeses continuam sem insumos, sem crédito agrícola e sem infra-estruturas que garantam escoamento da produção.
O Presidente também apelou à população para não se deixar levar por mensagens falsas que incitam à rebelião, uma referência clara às manifestações que contestaram os resultados eleitorais. Chapo alerta para a destruição de infra-estruturas públicas, mas evita mencionar o que tem levado muitos moçambicanos ao desespero, a corrupção endémica, governação clientelista e desigualdade crescente.
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