Aviso dado, promessa cumprida! A população de Inhassunge, visivelmente farta das promessas não cumpridas, sabotou a linha de distribuição de energia da EDM (Electricidade de Moçambique), em um gesto de protesto que já fez soar os alarmes nas autoridades em Quelimane.
O estopim para o acto foi uma carta enviada às autoridades de saúde, à EDM e ao próprio administrador do distrito, avisando que, se as condições de vida da população não melhorassem num breve espaço de tempo, haveriam consequências sérias. Esta semana, os populares concretizaram a ameaça: sabotaram a infraestrutura de transporte de energia que abastece exclusivamente Mucupia, a sede do distrito.
Esse privilégio exclusivo gera um sentimento de exclusão nas outras localidades, como Abreu, que se consideram relegadas ao abandono. Após derrubarem clandestinamente a linha de energia, os populares espalharam vários cartazes com mensagens contundentes. Um deles dizia: “Também merecemos energia. É o pobre povo de Abreu.” Outro, mais ameaçador, traz a promessa de novos actos: “Queremos energia. Esta foi a primeira etapa. A segunda, vamos cavar postes.”

Mas a crise de Inhassunge vai além da falta de eletricidade. Os populares também denunciam a precariedade do transporte na travessia Inhassunge-Quelimane, as estradas em condições deploráveis e a ausência de serviços públicos básicos.
“É uma humilhação constante. Governo vai e governo vem, e os problemas continuam. Não podemos aceitar isso para sempre”, desabafou um residente que pediu anonimato.
Vale lembrar que as incursões dos Naparamas, movimento armado que já invadiu 45% do território da Zambézia, tiveram a sua origem em Inhassunge. Analistas alertam que, sem soluções concretas e imediatas, o sentimento separatista pode ganhar força e desdobrar-se em novos conflitos.
As autoridades policiais prometeram ser implacáveis, mas os populares avisam que não recuarão. Caso as reivindicações não sejam atendidas, novas sabotagens podem transformar Inhassunge em palco de uma crise ainda maior.
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