Quelimane, 11 de Fevereiro de 2025 – O Governo moçambicano reconhece finalmente a necessidade de reformas estruturais para responder às crescentes pressões sociais. João Machatine, recém-empossado coordenador executivo do Gabinete de Coordenação de Reformas e Projetos Estratégicos, admitiu que as manifestações populares refletem uma insatisfação generalizada e exigem mudanças concretas para melhorar a vida dos cidadãos.
“Basta ver as próprias manifestações. Está claro que é importante ir ao encontro com aquilo que o mundo hoje é (…). Temos que introduzir reformas no sentido de ajustarmo-nos a estas realidades, a estas pressões sociais, para que as pessoas, de facto, vivam de uma forma digna”, disse Machatine, numa declaração que, por um lado, reconhece o problema, mas, por outro, não detalha medidas concretas para resolvê-lo.
Promessas de reformas, mas sem calendário nem compromissos claros
O novo responsável diz que o seu gabinete terá um papel estratégico na assessoria ao Presidente da República, Daniel Chapo, e que uma das suas principais missões será a renegociação de contractos dos megaprojetos. No entanto, a questão que paira no ar é: até que ponto o Governo está realmente disposto a alterar um modelo económico que beneficia uma elite enquanto a maioria da população continua a enfrentar dificuldades diárias?
“Queremos fazer de Moçambique um espaço aprazível para se investir”, afirmou Machatine, sugerindo que as reformas terão um viés de atracção de capitais. Mas os moçambicanos perguntam-se: essas mudanças trarão benefícios concretos para o povo ou apenas para os grandes investidores?
A população tem exigido respostas sobre os problemas mais imediatos, como o custo dos serviços públicos, o acesso à água e energia e a burocracia sufocante. “Desde a reforma mais ínfima que tem a ver com como é que o pacato cidadão deve pagar a sua fatura de água até à renegociação de contractos”, disse Machatine, tentando demonstrar que o pacote de reformas irá além dos megaprojetos.
Reformas ou discurso para apaziguar a tensão social?
A tomada de posse de Machatine acontece num momento em que o Governo enfrenta uma crescente contestação popular. A recente onda de protestos e a insatisfação com o processo eleitoral deixaram claro que há um fosso entre as políticas governamentais e as reais necessidades dos cidadãos.
O Presidente Daniel Chapo pediu que as reformas sejam aceleradas, mas o grande teste será se estas mudanças ocorrerão de facto ou se tudo não passará de uma tentativa de acalmar a população sem enfrentar os problemas estruturais do país. Os moçambicanos já ouviram promessas antes. Agora, querem acção.
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