Quelimane, 08 de Dezembro de 2024 (Jornal Txopela) ― A Zambézia está a testemunhar o desdobramento de um dos maiores escândalos de gestão pública da última década. Desta vez e novamente, o centro das atenções é a aquisição de uma embarcação para a travessia Inhassunge-Quelimane, um caso que envolve directamente Marla Matos, filha do governador da província, Pio Matos.
A sua empresa é acusada de ter recebido 10 milhões de meticais sem concurso público para fornecer uma embarcação para a travessia entre Inhassunge e Quelimane, jamais entregou o barco prometido.
O contracto, que deveria resolver o problema crônico de transporte marítimo entre as duas circunscrições, resultou em nada além de barulho público e revolta. Após anos de silêncio e cobrança popular, uma embarcação de segunda mão – e de qualidade duvidosa – foi apresentada durante a campanha eleitoral, numa tentativa clara de silenciar os críticos. Contudo, o barco não atendia às especificações técnicas inicialmente previstas, nem sequer era adequado para o trajecto original.
Sem qualquer satisfação aos cidadãos de Inhassunge, o governador optou por desviar a embarcação para outro trajecto: Quelimane-Chinde. Contudo, o barco jamais chegou a operar nesta nova rota. Recentemente, descobriu-se que a embarcação foi enviada para Chinde-Marromeu, na província de Sofala, ignorando por completo as necessidades de transporte maritimo na Zambézia.
Como se não bastassem os desvios sucessivos, a gestão da embarcação foi entregue, sem concurso público ou transparência, a Valdemar Nicolas Jessen, presidente do Conselho Empresarial Distrital de Chinde e uma figura próxima ao partido Frelimo. Jessen, que já mantém negócios lucrativos com o governo, como fornecimento de combustível e outros serviços, agora está à frente de um transporte que deveria beneficiar a população, mas se transformou num luxo para poucos.
A indignação é palpável. Os cidadãos de Chinde, entrevistados pelo Jornal Txopela, denunciaram o preço exorbitante das viagens na embarcação “Chacuma”. Enquanto os barcos tradicionais cobram cerca de 400 meticais para o trajecto até Marromeu, o “Chacuma” exige entre 750 e 1.000 meticais – um custo inatingível para o cidadão comum.
“Os barcos tradicionais demoram, mas custam 400 meticais. Esta nova embarcação demora menos, mas está muito cara. Só pessoas com posse conseguem viajar nela. O resto do povo ainda é obrigado a usar os barcos antigos, mesmo sendo desconfortáveis e demorados”, queixou-se um dos utente dos serviços.
Confrontado pelo Jornal Txopela sobre as circunstâncias da sua nomeação para gerir a embarcação, Valdemar Jessen recusou-se a comentar, remetendo as perguntas ao governo distrital. No entanto, justificou os preços altos alegando os elevados custos operacionais. Segundo Jessen, enquanto os barcos tradicionais consomem cerca de 60 litros de gasóleo no trajeto Chinde-Marromeu, o “Chacuma” consome impressionantes 440 litros – um custo total de 44 mil meticais apenas em combustível, sem contar outros custos de operação que ele estima em 50 mil meticais.
A capacidade do “Chacuma”, que é de apenas 26 passageiros e não permite transporte de carga, também foi apontada como uma limitação grave para atender às reais necessidades dos moradores. Apesar das desculpas e justificativas, a realidade é clara: os cidadãos da Zambézia continuam sem um transporte marítimo funcional e acessível. O barco que deveria aliviar as dificuldades de mobilidade entre Inhassunge e Quelimane virou uma peça de luxo, desviada para outras províncias e para fins que parecem atender a interesses privados mais do que ao bem público.
Gostei dessa informação. De verdade eu sinto que os preços posto pelo governo dessa nova embarcação está super carro. O salário Mínimo do estado Moçambicano não compete a este preço. E o governo está a sabotar os últimos custos dos passageiros.
O governo no lugar de reduzir os custos, ele eleva para sufocar vidas dos povo do distrito de CHINDE. E isso não aceitável e né admissível no país ontem temos muito recursos minerais, diamantes, petróleo, gás, areia pesadas…