O Tribunal Judicial da Província de Maputo condenou, esta sexta-feira, Elias Ezequiel Ndlate a uma pena de 20 anos de prisão pelo assassinato do jornalista João Chamusse. O tribunal ordenou ainda que o réu pague uma indemnização de 350 mil meticais à família da vítima.

 

João Chamusse, à data dos factos, era diretor editorial do semanário “Ponto por Ponto” e comentador na TV Sucesso, sendo conhecido pelos seus comentários incisivos contra a corrupção e má governação em Moçambique. O crime ocorreu na madrugada de 14 de dezembro de 2022, na residência do jornalista, no distrito da KaTembe, onde foi brutalmente assassinado com recurso a uma arma branca.

 

Durante o julgamento, realizado em 27 de agosto, Ndlate, que confessou a autoria do crime, afirmou ter agido sob as ordens de Anabela Sitoe, funcionária do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) em KaTembe, e supostamente ligada ao partido Renamo. Segundo o réu, Anabela Sitoe teria prometido 50 mil meticais para o acto e fornecido bebidas alcoólicas para instigá-lo a cometer o homicídio, cujo objetivo seria também roubar o computador da vítima. O tribunal, no entanto, absolveu Anabela Sitoe por falta de provas.

 

O corpo de Chamusse foi encontrado com marcas de tortura e violência, e uma catana foi encontrada no local. O jornalista era conhecido pelas suas duras críticas à Comissão Nacional de Eleições (CNE) e ao STAE, tendo nos últimos dias criticado abertamente a gestão eleitoral em Moçambique e denunciado a previsibilidade dos resultados eleitorais como uma “perda de recursos do Estado”.

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